Violência Doméstica: No Douro, uma comunidade fez-se escola de atores e criou filme sobre pesadelo que muitos vivem acordados

No concelho de S. João da Pesqueira, a Pesqueiramiga - Associação de Solidariedade Social fez nascer um projeto que, entre equipa técnica, atores e espectadores, mobilizou toda a comunidade para o combate à violência doméstica numa iniciativa sem precedentes. 

Tudo começou com uma candidatura, que a instituição viu aprovada em 2020, ao Programa Cidadãos Ativ@s, no quadro do Active Citizens Fund e financiado pela Islândia, Noruega e Liechtenstein, no âmbito dos EEA Grants em Portugal.

Essa candidatura tinha como principal objetivo o acompanhamento e empoderamento de vítimas de violência doméstica. No entanto, a força de vontade dos envolvidos no projeto deu corpo a várias atividades paralelas, como a realização de ateliers de escrita criativa – um dos quais com vítimas de violência doméstica –, e a gravação de um filme com as gentes e nas ruas deste concelho no Alto Douro Vinhateiro.

Durante 4 meses, os cinco capítulos do filme foram filmados em espaços cedidos pela comunidade, num total de 40 pessoas com um envolvimento mais próximo na realização do mesmo.

Este verão, o filme DESAMOR, com 145 minutos de duração saiu, literalmente, à rua. Esgotaram-se sessões no cineteatro municipal e improvisaram-se salas de cinema nas freguesias. Cortaram-se estradas para se erguerem plateias e colocaram-se telas em campos de futebol. Interromperam-se bailes de verão para se ir assistir à película que se tornou, a pedido de muitos, itinerante.

A par da guionista, Lara Morgado, que na construção dos guiões teve como inspiração os testemunhos reais partilhados nos ateliers de escrita criativa, todos os restantes elementos envolvidos no DESAMOR – dos atores à produção, passando pela equipa de filmagem e edição – são voluntários locais e, ainda que tantas vezes não tenha parecido, amadores.