As CIM - Comunidades Intermunicipais são associações de municípios que visam genericamente dar dimensão ou escala ao desenvolvimento dos territórios.
Embora já existisse, a lei 75/2013 reafirmou a Comunidade Intermunicipal do Douro. Foram 19 os municípios que a integraram e nenhum abandonou esta solução.
Nessa altura não me pareceu muito eficaz insistir em juntar municípios bastante distantes e com interesses aparentemente de impossível conciliação.
Defendi a comunidade Douro Sul que seria uma escala mais confortável e, em princípio, mais eficaz. Falei muitas vezes na cidade conceptual e simbólica do Douro Sul.
Exerci funções autárquicas no mandato 2013 até 2017. Nessa qualidade integrei a Assembleia Intermunicipal. Nesse órgão pude concluir que os meus receios eram muito reais. Não era nada fácil, muitas vezes impossível, conciliar interesses e olhar o futuro com uma estratégia comum.
Entretanto, na superior qualidade que é a de cidadão, com opinião, mantive sempre em alerta este tema - a CIM Douro.
O tempo foi atenuando os meus receios.
Fui vendo que as diferenças iam reforçando a união. Fui percebendo que era possível escalar o conceito de cidade conceptual e simbólica a todo o Douro. Num Grande Douro, era possível ter em conta as idiossincrasias dos "três irmãos", o Douro Norte, o Douro Sul e o Douro Superior.
O Grande Douro podia ser cidade. Ou seja, podia unir-se na visão e na ação. Mesmo com os 19 municípios, a concretização de futuro coletivo sem beliscar a autonomia, as realidades organizacionais de alguns serviços, e a identidade de cada município, era uma meta realizável.
Hoje, a CIM Douro já não é só uma associação de municípios, é uma verdadeira Comunidade, é uma cidade. Com visão estratégica comum, com capacidade de diálogo, sentido de partilha, coesão, união, abraço!
Os cidadãos começam a sentir esta entidade como algo importante e estruturante para o seu futuro coletivo.
O futuro bom chega mais depressa se envolvermos as pessoas, as suas iniciativas coletivas e as suas ambições.
Para que tal aconteça será necessário muita coisa, mas hoje destaco pormenores. Desejo que a CIM, agora verdadeiramente comunidade, se projete ainda mais na vida das pessoas e comunique de forma simples e próxima para todos os cidadãos. Que consigamos deixar cair o acrónimo CIM e saibamos dar-lhe mais visibilidade com a simplicidade das palavras. E as palavras seriam COMUNIDADE DOURO, ponto.
A Comunidade Douro, acredito, depois de cidade europeia do vinho 2023, será cidade sempre.
Cidade significa principalmente pessoas que partilham a vida num espaço comum, que desenvolvem sentimentos de pertença e congregam ambições coletivas.
Como todos já sabem, desejo muito que o Douro seja a mais importante cidade europeia da humanização!
Para isso, é imperativo a abordagem das questões da qualidade de vida e da inclusão à escala COMUNIDADE DOURO. Muito particularmente das PESSOAS mais vulneráveis, mas também dos mais jovens, dando-lhe espaço e condições de esperança.
Menos importante, mas com simbolismo, seria bom a comemoração de forma alargada do dia da COMUNIDADE DOURO.
Tendo como ambição maior a humanização, a nossa grande bandeira, o mais adequado é dia 10 de dezembro, dia internacional dos Direitos Humanos. Por sinal muito próximo do dia 14 de dezembro que foi o dia do reconhecimento do Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade.
Concluo com três citações:
"Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão."
Miguel Torga
"Alcança quem não cansa"
Aquilino Ribeiro
"O Douro, hoje mais do que nunca, é uma grande cidade que vive de forma intensa e empenhada a procura da convergência e da excelência." Carlos Silva, presidente da COMUNIDADE DOURO.
O Douro é Comunidade - o Douro é cidade - o Douro é humanidade!