Sair da sua terra rumo ao estrangeiro é uma decisão difícil tomada por muitos em busca de uma vida melhor. Com a chegada do verão é habitualmente tempo de regressar à terra natal para rever família e amigos, um movimento que foi interrompido pela pandemia durante dois anos.
Marcos Guedes, Paulo Ribeiro e Bruno Cardoso são “reguenses de gema”, como fazem questão de frisar mas passam grande parte dos meses do ano emigrados na Bélgica.
Após dois anos de pandemia que forçaram um distanciamento maior da terra natal, este ano estão de regresso à cidade e, aproveitando um jogo de preparação da equipa local, matam saudades das bancadas do estádio municipal.
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Sentados no bar junto ao estádio, durante o intervalo da partida, vão trocando ideias daquilo que viram na primeira parte, aproveitando ainda para falarem à nossa reportagem.
Marcos Guedes é o primeiro a falar para nos contar que “há dois anos que não vinha à Régua por causa da pandemia”. Apesar de ter estado pela cidade “em dezembro do ano passado”, foi uma passagem curta, garante, “foram apenas 15 dias”.
Para este emigrante o regresso mais aguardado é o que se faz durante o mês de agosto, “encontramos sempre mais amigos, no mês de agosto vêm muitos emigrantes de férias”.
Paulo Ribeiro é emigrante “há 32 anos”, para ele agora é mais fácil procurar vida lá fora, “já conseguimos vir cá mais vezes, com as ligações aéreas as viagens tornam-se mais rápidas e fáceis”. Com a salvaguarda que nem todos conseguem fazer o mesmo, Paulo garante que regressa a Portugal “cerca de quatro ou cinco vezes por ano”.
Apesar disso, nas mais de três décadas que leva de emigração tem já uma certeza, “a vida de emigrante é dura, trabalhamos muito, eu, por exemplo, saio de casa por volta das cinco da manhã e regresso às oito da noite, é uma vida dura”.
Para Bruno Cardoso, a vinda ao estádio durante as férias é uma forma de estar com amigos e poder acompanhar mais próximo o dia a dia do clube que se vai fazendo durante o ano pelas redes sociais.
“É importante, é sempre bom poder estar aqui, ver a nossa equipa a jogar, estar próximo dos amigos e dos nossos jogadores. Estamos fora do país mas tentamos estar sempre atentos ao nosso clube, quanto mais não seja seguindo o dia a dia pelas redes sociais.
O que precisamos é isto, conviver com os amigos e passarmos bons momentos juntos”.

Além de adeptos e sócios, Marcos Guedes e Paulo Ribeiro são também patrocinadores do clube reguense.
“É uma forma de mostrarmos que temos a nossa terra e o nosso clube no coração. Foi aqui que nascemos, é aqui que temos as nossas raízes por isso ajudamos com gosto”, explica Marcos Guedes.
Paulo Ribeiro começou recentemente a patrocinar o futebol sénior do clube, antes já apoiava os escalões de formação do SC Régua. Para este emigrante, mais lhe deviam seguir o exemplo, mostrando mesmo alguma indignação pela falta de apoio das empresas da cidade ao clube da terra.
“Eu já patrocinava o Régua antes da direção do Francisco Pinto tomar posse, mas apoiava as escolinhas, agora apoio o futebol sénior. Enquanto puder ajudarei o clube, é uma pena que mais gente não faça como eu.
A Régua tem uma enorme potencialidade e gente com capacidade para dar este apoio mas as pessoas não o fazem, não valorizam o seu clube”.
Foi para homenagear estes homens que o SC Régua organizou este ano um jogo de preparação dedicado ao emigrante.
Francisco Pinto, presidente do clube, afirma que esta é uma forma de aproximar os emigrantes do seu clube, mostrando também o agradecimento pela ajuda que muitos deles dão, em especial na recuperação financeira que a sua direção tem levado a cabo.
“É muito importante para o clube realizar este jogo porque os emigrantes nos apoiam muito e durante o ano não têm oportunidade de ver o seu clube jogar.
Decidimos dedicar-lhes este jogo também para os aproximar mais ao clube e à cidade de forma a que nos continuem a apoiar com patrocínios como tem acontecido até aqui. Têm sido inexcedíveis e temos que lhes agradecer a grande ajuda na recuperação financeira do clube que temos vindo a fazer nos últimos três anos.
Com a época a começar, Francisco Pinto garantiu ainda que o SC Régua tem este ano “um plantel mito forte”, capaz de “lutar pelo campeonato e pela taça”.