A 7ª edição da Revista é a prova do sucesso de um projeto, que preserva e valoriza o conhecimento transversal do território: arte cultura, natureza, usos, costumes, profissões, formas de estar e de ser e muitos outros temas cabem nesta publicação.
Mantém como linha principal a investigação sustentada em metodologias mais ou menos científicas, mas seguramente testemunhadas, seja por depoimentos vivos, seja por fotografias, vídeos ou documentos.
Nesta que é a sétima edição da Revista Memória Rural, editada pelo Município de Carrazeda de Ansiães, participam dúzia e meia de autores, abordando temáticas muito diferentes de todo o território: “Nunca impusemos uma delimitação geográfica para selecionar os artigos”, refere o presidente da Câmara Municipal, João Gonçalves. “Sempre que abrimos o período de inscrições as pessoas inscrevem-se e depois há uma seleção”, explica, sendo selecionados os trabalhos que, respeitando a linha editorial, se revelem de maior importância.
Apontamos como exemplo um trabalho sobre a arte dos azulejos na antiga linha férrea do Sabor, nomeadamente das Estações Ferroviárias do Pocinho, Sendim e Duas Igrejas; um trabalho sobre o Chasco Preto, ave nidificante na região, também conhecida por pássaro pedreiro; e também um trabalho de sobre a arte da cestaria, com investigação, acompanhamento e registo de todo o processo, desde a recolha e tratamento da matéria-prima até à elaboração dos cestos.
A apresentação da presente edição contou com a análise crítica do Professor Doutor Armando Redentor, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. “Esta publicação é muito importante para a fixação da memória, num tempo cada vez mais acelerado, num tempo de Inteligência Artificial em que se corre o risco de perder o saber tradicional”, refere o professor.
Esse é também o entendimento do autarca João Gonçalves que abraçou este projeto, como complemento ao projeto de museologia, já com seis núcleos rurais concluídos e com previsões de abrir no início da primavera um novo Núcleo, o do Ferreiro e do Ferrador. “Vivemos num território com a população muito envelhecida, há muitas profissões que se estão a perder, muitas histórias, muito saber e se não preservarmos já essa memória corremos o risco de a perder para sempre”, argumenta.
E não se pense que esta revista, bem como os núcleos museológicos são apenas sobre o passado, as ferramentas usadas para preservar e promover esse conhecimento são bem atuais, perfeitamente enquadradas na era da digitalização em que vivemos, na linguagem em que comunicam sobretudo os mais jovens. Os trabalhos de investigação publicados na Revista têm “anexada” a própria investigação, através de QR Codes integrados nos próprios artigos os leitores podem ouvir os registos de entrevistas, ver vídeos, fotografias e tantas outras coisas.
A memoria oral e visual também é preservada nesta publicação imprensa, que foi apresentada no Museu da Memória Rural, em Vilarinho da Castanheira, mais uma edição fundamental na documentação e reflexão sobre práticas, tradições e a história do modo de vida do mundo rural, contribuindo para o diálogo entre gerações e a preservação de um legado intrinsecamente ligado à identidade regional e local.
A Revista Memória Rural é disponibilizada em formato impresso e pode ser comprada na Biblioteca Municipal de Carrazeda de Ansiães, na Loja Interativa de Turismo e nas estruturas museológicas do concelho. Todas as edições podem também ser adquiridas online.
A publicação é também disponibilizada gratuitamente no sistema nacional de ciência através do Portal RCAAP, um portal de pesquisa nacional de informação científica em acesso aberto e nos portais Google Scholar, OpenAIRE e Zenodo.