O dia 24 de abril foi estabelecido em 1979 como o “Dia Mundial do Animal de Laboratório”. É celebrado com o intuito de priorizar os direitos dos animais, nomeadamente ratinhos, ratos, peixes, coelhos, porcos, cães, cavalos e primatas, sujeitos a diversos procedimentos, dolorosos e por vezes fatais, realizados em laboratórios de todo o mundo.
No entanto, a celebração desta data não é consensual. Por um lado, temos os amantes da evolução da Ciência a apoiar a utilização de modelos animais, por outro, temos os defensores dos direitos dos animais a condenar a mesma. No entanto, apesar dos avanços científicos e de ambas as perspetivas terem mérito, ainda não existe um modelo alternativo capaz de substituir cada aspeto da complexidade e funcionalidade da biologia animal.
Nesse contexto, a utilização e tratamento de animais para fins experimentais é regulamentada por leis nacionais e europeias tais como a diretiva da União Europeia (2010/63/EU). Esta estabelece que os modelos animais apenas devem ser utilizados quando existe uma justificação científica convincente, quando os potenciais benefícios superam os riscos para o animal e quando os objetivos científicos não podem ser atingidos com modelos alternativos. Além disso, a mesma diretiva promove a utilização de linhas celulares, embriões/larvas de peixe-zebra, modelos computacionais, entre outros, como abordagens alternativas.
Embora esteja a ser feita a implementação gradual destes métodos, os testes animais ainda são indispensáveis, quer devido a processos regulamentares para garantir a segurança e eficácia dos produtos para uso humano, quer para o desenvolvimento científico.
Ainda assim, é importante realçar que, cada vez mais, tem havido uma consciencialização geral sobre o bem-estar dos animais de laboratório e que este se tornou uma prioridade para investigadores e tratadores, regulamentado por princípios éticos, morais e científicos.
Neste contexto, têm sido realizados diferentes estudos no Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para investigar os efeitos biológicos de pesticidas, microplásticos, e outros contaminantes ambientais, bem como de diferentes compostos naturais com recurso a diferentes modelos animais.
No caso particular dos compostos naturais, salienta-se o estudo dos mesmos para melhoramento do bem-estar animal, prevenção e tratamento de doenças e lesões bem como alívio da dor, incentivando práticas mais éticas e sustentáveis e, por sua vez, modernizando a investigação médica para benefício de pessoas e animais.
A utilização de modelos animais em investigação científica será sempre complexa não existindo uma solução simples ou única para este dilema. Nesse sentido, é essencial que se continue a refletir sobre a utilização dos modelos animais na procura de um equilíbrio entre os avanços científicos e os desafios éticos.