Música de apoio à Ucrânia conta com a participação de 38 vocalistas de bandas de metal e produção do Blind & Lost Studios, de Guilhemino Martins, em Santa Marta de Penaguião.
A ideia partiu de Carlos Guimarães, do projeto Caminhos Metálicos, que já durante a pandemia Covid-19 tinha sido o mentor da música “Corona”, uma sátira aos tempos que se viviam durante o confinamento.
Casado com uma ucraniana, natural da Crimeia, Carlos Guimarães tem vivido muito de perto tudo o que acontece no país da mulher. Decidido a fazer algo pediu a cedência dos direitos da música “This is Gwydion”, da banda GWYDIO, para a qual escreveu uma nova letra.
Escrita a letra a autorizada a utilização da música, o responsável pelo projeto Caminhos Metálicos lançou o convite a cerca de 4 dezenas de banda da cena metal nacional, tendo a versão final contado com a participação de 38 músicos, no total.
É com todo o material reunido que entra em cena o músico e produtor penaguiense, Guilhermino Martins.
“Era preciso haver um maluco que pusesse em prática tudo isto, que combinasse todos os excertos de gravações para construir a música completa. As vozes por si já são totalmente diferentes, depois foram gravadas de diferentes formas, há quem o tenha feito em estúdio ou simplesmente com o telemóvel, por isso houve muito trabalho a fazer. Depois de terminar fui ver quantas horas dediquei a esta faixa, o programa que uso faz essa contagem, no total foram 49 horas dedicadas a isto.
Ver as imagens que nos chegam, em especial das crianças, é muito tocante. Como não sei pegar em armas mas sei mexer nos botões de uma mesa de mistura, por isso esta foi uma forma que encontrei de fazer alguma coisa”, conta-nos numa conversa exclusiva com o VivaDouro.
Muitas vezes associado a imagens mais sombrias, e até por vezes violentas, o metal assume-se assim como uma ferramenta de apoio aos que sofrem com este conflito armado. Para Guilhermino Martins esta é uma ação que permite também às pessoas perceberem que o género musical não é um espelho de quem a faz.
“É normal que quem nunca tenha convivido com este género, não tenha a noção do que se passa dentro do meio. Neste projeto temos representantes de bandas muito extremas, algumas mesmo de Black Metal, mas que aceitaram integrar esta ideia sem nenhuma reserva. É como ler um livro sobre um crime onde o personagem é um assassino, isso não significa que o autor da obra também o seja”.
O músico duriense conta ainda que o feedback recebido tem sido bastante positivo com mensagens a chegarem um pouco de todo o lado mas em especial de ucranianos.
“O feedback tem sido bastante positivo, mesmo por parte de alguns ucranianos (que não consigo dizer se estão, ou não, no seu país). Sentimos que a mensagem passou, e isso é o mais importante”.