De acordo com números recentes do Turismo do Porto e Norte, a região lidera o ranking nacional em termos de hóspedes e isso é notório a quem circula pelo Douro. Olhando com mais atenção já não encontramos tanta diversidade de línguas como em outros tempos mas um domínio do português.

Para lá de uma perceção, esta é a realidade com que os diferentes operadores do setor vão vivendo, um crescimento do turismo nacional, provocado pela pandemia, mas que se pretende manter nos próximos anos.

Vítor Monteiro é proprietário de um espaço que junta a restauração, com serviço de tapas, e uma garrafeira, próximo da estação de comboios de Peso da Régua. À nossa reportagem confirma a existência de um maior número de turistas nacionais, um movimento que se iniciou no ano passado devido aos condicionalismos de viagens, mas que este ano se mantém. Apesar disso, o empresário afirma que nem tudo é positivo, comparativamente o poder de compra do turista nacional é inferior ao estrangeiro.

[caption id="attachment_13151" align="alignleft" width="300"] Vitor Monteiro[/caption]

“Estamos a trabalhar muito com turismo nacional, sobretudo pessoas de Lisboa por aquilo que conseguimos perceber. Em relação ao ano passado já se nota que vão aparecendo turistas estrangeiros, mesmo assim é ainda muito pouco comparativamente ao que estávamos habituados antes da pandemia.

O que nos tem valido é o turismo nacional que, muito dele, descobriu o Douro no ano passado e ficaram surpreendidos com a beleza da região e estão a regressar este ano. O que nos dizem é que ainda há algum receio de irem para fora, preferem fazer as suas férias em Portugal.

Nota-se muito a diferença económica. Se olharmos ao número de pessoas, no ano passado e este ano estamos a receber muita gente, contudo se a comparação for feita pelo valor que aqui deixam, é mais baixo relativamente ao cliente estrangeiro que tem outro poder económico. Um turista português é capaz de comprar uma garrafa de vinho pelos 15€, enquanto o americano, por exemplo, se gosta do vinho não se importa  de dar 50€ pela garrafa. Com a situação da pandemia também se nota que o turista nacional tem mais cuidado em gastar dinheiro. É a realidade atual e nós tivemos que nos adaptar a ela”.

O mesmo cenário é descrito por Pedro Pinto, se em 2020 os “clientes foram exclusivamente portugueses”, este ano já vão aparecendo alguns estrangeiros, contudo o mercado nacional está ainda muito forte.

“Já começam a aparecer alguns estrangeiros mas há muitos condicionamentos, por exemplo, nós estávamos a trabalhar bem com o mercado alemão mas a decisão da Merkel em relação a Portugal acabou por nos afetar com uma série de cancelamentos”.

Certificados e testes, solução desagradável

As recentes imposições das autoridades e saúde relativamente ao acesso a certos locais muito utilizados por turistas, em especial na restauração e hotelaria, tem tido efeitos contraditórios. Se por um lado transmite uma maior segurança a quem presta e usufrui um serviço, por outro pode tornar-se excessivo o número de vezes que é necessários recorrer ao certificado ou testes.

“Se uma pessoa vem de fim de semana e por alguma razão ainda não tem o certificado de vacinação então, tem duas hipóteses, ou paga para fazer um daqueles testes que dá para 48 horas ou vai ter que fazer teste para entrar no hotel e em cada restaurante que vá fazer uma refeição. É demasiado e as pessoas queixam-se”, conta-nos Vítor Monteiro que afirma ainda que alguns clientes “já chegaram mesmo a ir embora porque não havia lugar na esplanada e não quiserem estar a fazer mais testes”.

Contudo, como afirma Pedro Pinto, proprietário de uma unidade hoteleira, “com este sistema as pessoas acabam por sentir-se mais em segurança. Pode ser difícil aceitar numa primeira fase mas olhando aos resultados eu penso que acaba por ser bastante positivo”.

Atividades registam boa procura

No Pinhão, uma das atividades mais procuradas pelos turistas são os passeios em barco rabelo. Curtas viagens que podem demorar uma a duas horas onde o turista pode apreciar a paisagem a partir do rio.

António Ramos é proprietário de uma dessas empresas de passeios turísticos. Atualmente tem uma frota de cinco embarcações e afirma nunca ter visto um ano como este.

[caption id="attachment_13148" align="alignright" width="300"] António Ramos[/caption]

“O verão começou mal mas gradualmente foi melhorando até chegarmos ao eterno mês de agosto, onde há gente onde não há ninguém (risos).

Desde que me lembro este é o mês de agosto com mais gente aqui no Pinhão”, afirma o empresário, sublinhando que é também “notório o crescimento de turistas portugueses”, mas não só. António Ramos regista ainda um crescimento do número de emigrantes, “no ano passado não puderam vir, este ano vêm em força”.

Isa Gonçalves é guia turística e chega com um grupo de turistas para um passeio enquanto entrevistamos António Ramos.

“A empresa para a qual trabalho está focada no mercado internacional, é mais o cliente do tipo de serviço que prestamos, contudo passo muito tempo aqui e nota-se claramente que há cada vez mais turistas portugueses”, afirma.

Na Régua, Manuel Romarigo dedica-se a atividades mais radicais, passeios de caiaque, sup, boias aquáticas, entre muitas outras.

A trabalhar neste ramo há uma década, Manuel Romarigo também confirma a mudança de perfil do turista na região.

“No ano passado acabamos por receber mais portugueses do que este ano, o tempo incerto que tem estado também não ajuda muito, com muito vento, acabou por levar a que cancelassem as atividades.

[caption id="attachment_13149" align="alignleft" width="300"] Manuel Romarigo[/caption]

Nota-se uma maior afluência na restauração, aí sim, têm tido sempre casa cheia o que é muito positivo para eles. Há um crescimento claro de turistas nacionais na região, especialmente vindos do sul que vêm descobrir o Douro”.

Para Manuel Romarigo este fator não causa grande estranheza, “se eu que sou de cá todos os dias me encanto com esta paisagem, quem vem de fora só pode ficar completamente apaixonado”.

O empresário conta ainda que, do contacto que vai tendo com os clientes, “nem todos vêm para o Douro apenas por ser mais seguro por causa do Covid, muitos já queriam conhecer a região há algum tempo mas agora surgiu a oportunidade”.

Regresso a casa

Para os emigrantes, agosto sempre foi um mês do regresso às origens, contudo, em 2020 tal não foi possível e foi-lhes pedido que não regressassem.

[caption id="attachment_13152" align="alignright" width="300"] Pedro Teixeira[/caption]

Pedro Teixeira foi um desses emigrantes, reguense de nascimento tem passado os últimos anos em Bruxelas, cidade a partir de onde falou com o nosso jornal, sublinhando a dureza da decisão em não vir a Portugal.

Em 2021 a história não se repete e Pedro está de regresso à região que o viu nascer, junto da família e dos amigos que daqui nunca saíram, algo que afirma, o fez “renascer”.

“Este ano, para mim regressar a Portugal, foi honestamente renascer. Voltar ao local onde nasci e cresci era tudo aquilo que necessitava durante estes tão longos dois anos de ausência.

Simplesmente poder chegar a casa, sentir o cheiro de casa, receber o abraço da minha progenitora, olhar para o horizonte e perceber que finalmente é real. Sim, é real , e é a única sensação que agora importa. Regressar a casa, é muito honestamente o euromilhões, que tantos comuns cidadãos sonham ganhar. Para mim este é o meu.

Hoje, sinto-me um milionário, um felizardo. Estar com os meus de novo, é inexplicável”.

Para Pedro Teixeira o regresso a Portugal é sempre um momento único, “é sentir outra vez o orgulho  da pátria,  o orgulho  do dever cumprido após  muitas lutas  e sem dúvida de sacrifícios,  para que esta viagem  possa finalmente chegar.

Estar aqui, é certamente o que todos desejavam há  meses. Estar de volta ao pé dos nossos,  é a sensação   de estar mos de novo vivos”.

João Serra & Maria José Canelas

O rio Douro, e a natureza que aqui existe são sempre fatores apelativos.

Não podemos dizer que tenhamos vindo para aqui por causa do Covid. No ano passado já tínhamos estado aqui pelo Douro, como gostamos imenso e fomos muito bem recebidos este ano decidimos regressar para descobrir um pouco mais sobre a região.

Cátia Morais e Duarte Pina

“O Douro surge nas nossas opções por ser um dos Patrimónios da Humanidade que temos em Portugal. Temos também ideia de ser uma zona mais tranquila em termos de turismo com a possibilidade de encontrarmos um turismo rural onde conseguimos ter menos contacto com outras pessoas nesta fase que estamos a atravessar.

A viagem tem correspondido perfeitamente, mesmo em termos de clima com este calor mais duro do interior, nada que não se resolva com uma piscina ou uma visita a uma praia fluvial”.

Ricardo Afonso e Andreia Pereira

“Está a ser uma visita fantástica. Passamos aqui pelo Douro em viagem para Bragança, aproveitamos o bom tempo para fazer este desvio. É uma zona muito bonita, já tínhamos passado por aqui em outras ocasiões mas desta vez decidimos fazer uma paragem e explorar um pouco.

Apesar da época do ano é uma zona onde não temos encontrado muita gente, sentimo-nos perfeitamente seguros mesmo tendo uma criança como é o nosso caso, e nota-se que as pessoas têm cuidado, vê-se muita gente a usar máscara o que é sempre positivo”.

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