Opinião

O turismo, no Grande Douro, não está ao serviço de todos!

O turismo é uma atividade humana com impactos significativos para os territórios, comunidades e sociedade em geral. E não é inócuo.

É uma dinâmica que promove o multiculturalismo e o desenvolvimento económico, cultural e social. Mas também deixa algumas marcas ambientalmente relevantes.

A OMT - Organização Mundial do Turismo interpreta os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, apontando o contributo do turismo para cada um deles.

Deixa muito evidente a vontade de fazer do turismo um “potencial único para proteger o património cultural e natural e apoiar as comunidades tanto económica quanto socialmente.”

No Douro o turismo tem uma expressiva importância. Explorado de forma mais significativa por grupos económicos estruturados para extrair o máximo possível das potencialidades da região.

Muitos empregos são criados e há alguma dinamização de atividades económicas locais.

Mas, uma parte significativa do maior património do Douro, as pessoas, ficam excluídas deste movimento de entradas, saídas e uso.

Em linguagem muito simples, o turismo serve-se das nossas terras, do nosso rio, dos nossos monumentos. Mas deixa nada ou quase nada para muitas pessoas.

Por isso o turismo tem que libertar recursos que deverão estar diretamente ao serviço das pessoas, de TODAS AS PESSOAS!

O turismo deve contribuir para a humanização do território.

Todos reiteramos que são as pessoas o património mais valioso do grande Douro. Então sejamos consequentes. É pelas pessoas e pela sua qualidade de vida que temos de continuar a lutar.

Na região, à semelhança de todo o interior, o desamparo humano é real. Faltam às pessoas as retaguardas familiar e de vizinhança. É a desertificação demográfica o fator mais relevante deste desamparo.

O Grande Douro pode ser um exemplo para o país.

Precisamos criar condições de apoio permanente às pessoas que vivem nas suas casas, nas nossas aldeias. Particularmente pessoas com mais idade.

As nossas aldeias podem ser “comunidades amparadas”, com serviços de saúde e sociais para as pessoas, que permitam a vida sem o isolamento que provoca solidão e perceção de insegurança e fragilidade. Criando-se emprego jovem, que se fixarão por cá, apoiando profissionalmente os de mais idade. Estruturando-se uma Rede, municipal e, eventualmente, supramunicipal, de Cuidadores Comunitários.

O Turismo deve financiar esta inovadora forma de humanização.

Considero de total justiça e como racional medida a aplicação da taxa turística na Grande Cidade que é este Douro dos 19 municípios que integram a CIM Douro.

A Taxa turística, de 2 euros, aplicada em simultâneo por todos os municípios, seria, depois das necessárias deliberações dos órgãos competentes, gerida com equidade, pela Comunidade Intermunicipal, que a colocaria ao serviço dos mais velhos e mais desfavorecidos.

Penso até que a taxa de humanização seria um bom reforço para o aumento da qualidade percecionada do território pelos turistas ou potenciais turistas.

Neste século XXI é o Cuidar das pessoas o principal indicador de desenvolvimento.

Fica a responsabilidade no colo de cada um dos eleitos para os diferentes órgãos nos municípios. Todos podem contribuir com a sua vontade para fazer avançar a taxa de humanização.

No Grande Douro, o turismo vai estar ao serviço de todos!

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