Há uma força que nos paralisa e atrasa.
Uma força que se alimenta da falta de capacidade ou coragem em assumir duas premissas básicas na nossa vida (básicas porque estão na base): o QUANTO e o QUANDO.
Uma e a outra não podem estar separadas no exercício da governança, seja ela de ordem europeia, nacional, regional ou local. Estamos sempre dependentes destas duas para a tomada de decisões.
Não é o risco. Esse, faz naturalmente parte de qualquer processo e é calculado mediante a análise das variáveis envolvidas e resultados pretendidos. Refiro-me sim à incerteza ou indefinição, condição perigosa que surge pelo desconhecimento de duas questões fundamentais, e repito: o QUANTO e o QUANDO.
Assistimos a momentos brilhantemente organizados, com toda a pompa e circunstância, mediáticos até, onde se anunciam com assinalável eloquência, uns tantos e quantos Milhões.
A questão que se segue de imediato é o QUANDO. Quando estarão esses Milhões (porque não se faz a coisa por menos) ao serviço dos territórios e das pessoas. Milhões que facilmente se anunciaram aqui e acolá. Uma e outra vez se necessário for.
Mas a lógica de não assumir compromissos, por falta de capacidade ou coragem (repito) também faz o seu contrário. Apresenta-se com a mesma ligeireza um punhado de politicas e medidas de desenvolvimento para a economia, para a coesão social, para a educação, saúde para a agricultura e floresta, enfim.... Medidas.
Coisa fácil até ao momento em que as governanças são confrontadas com a necessidade de assumir o QUANTO. Quanto se compromete para cada uma delas (convém saber). Na hora de responder, a porca torce o rabo.
E por vezes bastava um punhado de milhares, não tenham dúvidas. Mas a moda é a de anunciar Milhões.
Esta incerteza é tramada. É tramada para quem tem de tomar decisões que implicam investir fundos próprios (o que se conseguiu amealhar) ou de recorrer a financiamento externo (o dinheiro está caro). São decisões que depois de tomadas implicam anos da vida de muitos, ou, implicam até uma vida inteira para tantos outros.
Anda este país e esta região em particular, a tomar decisões sem saber para onde vai na verdade. Decide-se no escuro (num ato de fé ou crença) porque as governanças não apontam um caminho e muito menos garantem que, hoje é uma coisa e não o seu contrário.
Não fosse a teimosia (hoje em dia diz-se resiliência) o combustível capaz de mover a agricultura, a floresta e a pecuária, o mundo rural teria definhado de forma trágica. Com consequências sérias para todos (os que cá estão e os que não).