Hoje, dia 13 de maio, celebra-se o Dia Mundial das Aves Migratórias com o objetivo de alertar para a preservação das aves que, ciclicamente, realizam longas viagens para alcançar locais que lhes garantam recursos alimentares, abrigo e clima favorável durante a sua estadia.
Portugal é um dos destinos europeus para muitas espécies de aves migratórias que chegam ao nosso país nos meses de março e abril, oriundas da África subsariana, para se reproduzirem, e que, no final do verão e no outono, empreendem a longa viagem de regresso desde os seus territórios de nidificação até às zonas onde invernam, geralmente em território africano. Outras há que, vindas do norte da Europa, chegam no outono e passam o inverno no nosso território em zonas húmidas e também nas nossas florestas. Exemplo disso é a seixoeira (Calidris canutus), que se reproduz na Sibéria e hiberna na costa oeste de África até ao extremo da África do Sul. Pode ser observada no nosso país durante a sua passagem migratória primaveril (nos estuários) e no inverno (nas praias rochosas). A seixoeira tem uma das rotas de migração mais longas, viajando até 16.000 km duas vezes por ano.
No entanto, quando pensamos na migração como uma viagem de longa distância, que implica cruzar muitas fronteiras e uma quantidade diversa de países com diferentes modos de vida, facilmente entendemos que as aves, ao longo da sua jornada, se encontram expostas a ameaças, frequentemente causadas por atividades humanas muito diversas e pelas alterações climáticas. De facto, estas aves não só enfrentam perigos como perdas de habitat causadas por processos de desertificação, construção de infraestruturas e pela poluição, mas também pelo abate ilegal de exemplares. Porém, encontram-se também sob a influência de processos naturais em mudança, como a floração precoce ou a antecipação dos ciclos de vida dos insetos, em consequência das alterações climáticas que, para além de alterarem o contexto em que ocorre o fluxo migratório, alteram os padrões dos ciclos das culturas para consumo humano e influenciam o bem-estar das populações.
Este ano, o tema central da campanha é a água. Este elemento, do qual todos dependemos e o temos como um bem adquirido, por se encontrar bem perto de nós, nas zonas húmidas de interior, estuários, lagos, rios e ribeiras, é extremamente importante para a sobreviência destas aves, uma vez que é aí que durante as suas longas viagens descansam, se alimentam e, parte delas, se reproduzem.
Ora, este tema não podia ser mais atual, numa altura em que os ecossistemas aquáticos estão cada vez mais ameaçados em todo o mundo e a crescente procura humana por água, a poluição e as mudanças climáticas, estão a ter um impacto direto na disponibilidade de água para consumo das populações.
O dia coloca em perspetiva a nossa “casa comum” e lança-nos um desafio global em prol da Conservação das Aves Migratórias e da necessidade urgente em identificar ações para proteger os recursos hídricos, melhorar a sua qualidade e optar por políticas de sustentabilidade globais que contribuam para a manutenção do bem-estar das populações humanas.
Observe uma ave, e não se esqueça…estamos todos ligados!