Editorial

novembro 2023

Por razões que não se conseguiam prever há uns dias o Sr. Primeiro Ministro pediu a demissão.

Podia ser pela clara incapacidade de promover a reestruturação dos serviços do estado. Podia ser por ter ido muito para lá da troika nos cortes absurdos aos profissionais dedicados da administração pública, ou aos professores ou aos médicos ou aos enfermeiros, entre muitos outros. Podia ser pela forma caótica como geriu as sucessivas crises políticas dos dois últimos anos, especialmente a partir da maioria absoluta. Ou podia ser por causa da cisma em fazer um pacote legislativo que persegue os investidores e beneficia os infratores, como é o pacote mais habitação. Ou até podia ser pelo Imposto Único de Circulação….

Mas não.

A demissão é por causa de uma investigação judicial que envolve pessoas que lhe são muito próximas e, pelo que se percebe, o próprio Primeiro Ministro, no âmbito das licenças de lítio e de hidrogénio verde.

Com a demissão dificilmente poderá continuar a carreira brilhante como político que teve oportunidade de ser durante muitos anos.

Dizia-se que iria para a Europa, que os socialistas europeus o queriam muito lá, que quando tivesse (nunca o promoveu) um sucessor à altura seria um politico europeu excecional.

Dificilmente tal poderá acontecer agora.

Porque a demissão, sem o ser, é uma espécie de assunção de culpa; mesmo que nada tenha a ver com os processos em curso vai ficar sempre com o ónus de ter sido ele a escolher e a manter; em alguns casos como o do Sr. Ministro Galamba muito para lá dos limites do aceitável, as pessoas que agora são constituídas arguidas e que são objeto de uma ampla investigação.

E se, na política portuguesa, algumas demissões deram aos próprios demitidos uma projeção e uma capacidade de influenciar muito mais forte do que a que tinham como membros do governo (p.e. Jorge Coelho) isso ao nível europeu não acontece; dificilmente um politico que cai em desgraça por causa de suspeitas de corrupção conseguirá sobreviver na selva europeia.

A não ser que o Sr. António Costa seja o cabeça de lista do PS ao parlamento europeu, o que lhe poderá dar uma capacidade de influenciar a sua família politica mas, ao mesmo tempo, dificultar essas eleições ao PS pois os portugueses gostam pouco de pessoas que não acabam mandatos, como está provado pela ciência estatística com muitos casos individuais.

Até ontem vivíamos num país maravilhoso.

Quem ouvisse os políticos a falar, particularmente os dos partidos mais centrais, parecia que todos os problemas do país se resumiam ao aumento do Imposto Único de Circulação, que acabou por ser o bombo da festa do orçamento, como, aliás, tem sido apanágio dos orçamentos dos últimos anos. Sempre há um bombo no orçamento para entreter o povo e dar que falar e comentar aos jornalistas e aos comentadores profissionais.

Porque o que não está no orçamento é assustador, como, aliás, foi muito bem explicado pelo presidente da CIP, que disse que o problema do orçamento para 2024 não é o que lá está, mas sim o que não está.

Será que vamos viver em 2024 com este orçamento feito por um governo cujo Primeiro-Ministro se demite a meio da sua discussão?

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