Atualmente, somos mais de 8 mil milhões de seres humanos e todas as previsões apontam para muitos mais a povoar o nosso pequeno planeta vivo nos próximos anos. Além dos recursos básicos necessários para a sobrevivência de cada um de nós, os seres humanos atuais são também os mais ambiciosos que alguma vez existiram. De facto, todos temos a noção que os nossos pais, avós e antepassados, em geral, viveram vidas incomparavelmente mais frugais, baseadas em muito menos “coisas”, na sua maioria produtos e serviços de origem local. Estes dois fatores em sinergia são, por mais sustentável, ecológico ou ambientalmente preservado que nos tentem “dourar a pílula”, em relação ao futuro, o principal motor de desintegração acelerada dos padrões e ciclos de funcionamento da biosfera, composta pelos organismos, as suas inter-relações e interações com a litosfera, hidrosfera, criosfera e atmosfera.
Somos, no entanto, apenas uma entre as cerca de 8 milhões de espécies, e todas as previsões apontam para muitas menos a povoar o nosso pequeno planeta vivo nos próximos anos. Na verdade, este conjunto de espécies, que denominamos por biodiversidade, e que “nós” consideramos “os outros”, mas das quais, na realidade, fazemos parte, necessita de recursos crescentemente consumidos pelo ser humano. Os números não enganam e mostram um planeta cada vez mais cultivado, queimado, perfurado, construído e regulado, onde os habitats naturais remanescentes se encontram reduzidos a pequenas manchas dispersas, a maioria muito degradadas. Se mantivermos este rumo, o triste fado da biodiversidade irá refletir-se, também, de uma forma cruel, na qualidade de vida dos seres humanos, limitando muitos dos serviços dos ecossistemas que damos por garantidos. Por exemplo, a riqueza e abundância de alimentos produzidos necessita de espécies que controlem as pragas das culturas, que as polinizem, que efetuem a degradação da matéria orgânica e promovam a fertilidades dos solos.
Neste contexto de iminente colapso da biodiversidade, reforçado ainda pelas alterações climáticas, as ações individuais dos 8 mil milhões de “nós” poderão fazer toda a diferença para os 8 milhões de “nós e os outros”. Ter a consciência de que o planeta é limitado para os nossos sonhos ilimitados, e que somos apenas uma entre iguais, poderá ser o primeiro passo no espoletar de um conjunto de pequenos gestos individuais e coletivos que poderão (ainda) conservar muitas espécies, incluindo a nossa.