“Existem muitas formas de fazer turismo! Em muitos lugares, a gastronomia é por si só uma atração. Ir a Itália e não provar pizza é como visitar Moimenta da Beira e não desfrutar a Maçã e os espumantes Terras do Demo(…) Assim como o turismo é o motor da economia, as pessoas são o motor do turismo”. A afirmação, em jeito de desafio, é de Mónica Gertrudes, Vereadora com o pelouro do Turismo e Cultura da Câmara Municipal, que abriu o “I Colóquio – Força do Turismo no Interior” dia 10 de fevereiro, no Auditório Municipal Padre Bento da Guia, em Moimenta da Beira.
Numa sala bem composta, vários oradores abordaram diversas temáticas de promover o turismo no interior, defendendo como este setor pode contribuir para o crescimento da economia local, designadamente através da enogastronomia e do uso de produtos endógenos na restauração. “Inovar na forma de receber, de apresentar, de acolher e de expor, seguramente que vão valorizar muito mais o produto, vão vendê-lo melhor e vão ser muito mais reconhecidos por quem vem de muito longe. Para termos sucesso, a melhor forma de o conseguir é pormos aqueles a quem seguimos e a quem vendemos, a recomendar, pois é a ‘arma’ mais robusta que a publicidade tem para o sucesso de um serviço ", afirmou Inácio Ribeiro, Vice-Presidente do Turismo Porto e Norte de Portugal.
Uma das formas para reativar o turismo é a “Formação + Próxima", um programa cujo protocolo foi assinado em dezembro, entre a Autarquia e a Escola de Turismo e Hotelaria do Douro – Lamego. De acordo com o Diretor deste estabelecimento de ensino, Miguel Duarte, o projeto “destina-se a formar e a qualificar pessoas na área do turismo do futuro”. É o que pensa também Paulo Figueiredo, Presidente da Câmara de Moimenta da Beira. “A ‘Formação + Próxima’ tem como objetivo trazer mais contributo à nossa comunidade para quem quiser abraçar esta oportunidade de aprender um pouquinho mais nesta área. Por exemplo, se nós pudermos trazer aqui uma colaboração adicional à nossa restauração, onde eles possam otimizar os processos que já tem hoje, onde possam efetivamente improvisar e rentabilizar os produtos ou confecionar de forma diferente, porque eu sei que a escola ensina a fazer isto, poderemos ter mais gente a visitar Moimenta da Beira”.
Outra forma de atrair o consumidor é a marca e o design de um produto. “Ao longo destes anos, de forma inteligente, as marcas começaram a usar o design, porque acaba por ser um agente de comunicação. Uma marca tem de comunicar de forma consciente e é dessa maneira que vai conseguir cativar o consumidor”, disse José Maria Cunha, criador da Design & Creative consultancy e líder da equipa de designers que desenhou a nova imagem gráfica ‘Moimenta – Força no Interior’ que o Município está a utilizar há cerca de um ano.
Já Joana Salgueiro, fundadora da Honeymooners, contou a história do projeto de sonho com o marido André Santos. Tudo começou em 2016 com a criação de um blogue, onde o casal partilhava as fotografias das suas viagens pelo mundo. Hoje, Joana e André contam com milhares de seguidores nas redes sociais, e a sua grande afluência levou à criação de uma agência de viagens, em 2021. Atualmente, a empresa recebe vários pedidos de orçamentos de viagens de todos os pontos do planeta, o que leva à criação de postos de trabalho na sua terra-natal, Moimenta da Beira.
Entretanto, na área da enogastronomia, João Silva, Presidente Cooperativa Agrícola do Távora, abordou o tema da vinha nos nove concelhos na influência na cooperativa. “Em 2023 passamos para mais de 700 hectares de área reconvertida. Só de malvasia fina, usada num dos espumantes Terras do Demo, recebemos perto de três mil toneladas de uva na última campanha”. Mas, a elegância e as especificidades dos vinhos e espumantes produzidos da Cooperativa Agrícola do Távora são essenciais para quem procura produtos diferenciados. “A riqueza aromática dos espumantes Terras do Demo é tão intensa, a variedade, a casta é tão rica em aromas florais, que é preferível lançarmos ao consumidor aquilo que a natureza sabe melhor do que nós produzir”, justificou Jaime Brojo, enólogo da Cooperativa Agrícola do Távora.
Para além de bons vinhos e espumantes produzidos em Moimenta da Beira, a gastronomia local na restauração é cada vez mais um fator diferenciador no destino dos turistas. Segundo Olga Carvalho, docente da Escola de Hotelaria e Turismo de Lamego, “estamos a viver um período de mudança em que gastronomia passa a não ser um complemento daquilo que é o turismo, ou seja, não é somente porque temos de comer porque estamos a fazer turismo de natureza, o turismo termal, o turismo de aventura ou outro qualquer turismo. Não! Hoje a gastronomia é muitas vezes o centro e depois aproveitamos também para ir ver o miradouro, ou visitar a igreja ou para ir fazer umas termas”.
O I Colóquio – Força do Interior terminou com uma apresentação teórica de uma Investigação Enogastronómica e Culinária: Coelho Bravo com carqueja harmonizado com espumante. Desse trabalho investigatório se dará nota oportunamente.