A manifestação de viticultores foi convocada pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e foram entre os 400 e 500 os produtores que se concentraram em frente à estação da Régua. Os durienses temem uma terceira vindima consecutiva com dificuldades em escoar as uvas ou a sua venda a preços baixos, com alguns a já terem recebido cartas a cancelar encomendas de uvas para este ano.
"Queremos fazer ouvir bem alto a voz dos viticultores e das suas principais reivindicações, nomeadamente aquelas que se destinam a resolver de uma forma estrutural a crise que está instalada na Região Demarcada do Douro, nomeadamente a proibição da compra de uvas abaixo dos custos de produção”, afirmou Vítor Rodrigues, dirigente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Os manifestantes levaram cartazes onde se podia ler “O Douro está no abismo, na defesa da nossa sobrevivência e das nossas terras nós conseguimos”, “Nascemos sem futuro”, “Queremos escoamento para as nossas uvas”, "Fiscalizar mostos e vinhos oriundos de fora da região”, “Nós fizemos o património”, “Viticultores do Douro exigem ao Governo tratamento igual à TAP e ao BES”, “Fiscalizar mostos e vinhos oriundos fora da região” e “Vinhos do Douro só com uvas do Douro”.
Alguns vestiram camisolas negras e o viticultor Manuel Covas, de São João da Pesqueira, até carregou um pulverizador às costas, usado para fazer os tratamentos nas vinhas.“A vindima está à porta e há casas exportadoras que estão a rejeitar as uvas dos viticultores, e isso é muito mau. O viticultor no ano passado passou por uma crise bastante grande e com esta segunda crise não aguenta”, afirmou o agricultor de São João da Pesqueira, que disse ter abandonado a vinha porque não pode "injetar lá dinheiro da reforma”. E por isso, frisou, preciso que o “Governo tome medidas urgentes”, tais como a destilação de crise, “nem que seja pela última vez, para aliviar as adegas e para que tenham capacidade para receber a vindima deste ano”.
“Estamos a passar miséria mesmo, acaba-se por vender o produto barato, que é o caso das uvas e depois quem vai a um restaurante paga uma balúrdio por uma garrafa e nós vendemos ao preço quase da chuva”, afirmou Vitor Souto, de Tabuaço. “No ano passado consegui vender as uvas, mas a preços muitos baratos. Só na vindima gastamos o valor que recebemos pela pipa de vinho. É importante vir aqui hoje “para abrir os olhos dos governantes para eles perceberem o que se está a passar”, frisou.
Vítor Rodrigues sugere que "a casa do Douro possa gerir os stocks de forma a estabilizar os preços na região e que o Estado possa comprar alguns stocks sedentários às adegas e poder adotar algumas medidas de apoio à perda de rendimentos".
O Ministério da Agricultura e Mar garantiu que está a preparar soluções estruturais para "assegurar a sustentabilidade económica, social e ambiental" da Região Demarcada do Douro, que serão dirigidas "sobretudo aos pequenos produtores".