Na coluna deste mês, permito-me salientar duas publicações que, ao mesmo tempo que levantam sérias preocupações, apontam o caminho da União Europeia (UE) e que vivamente recomendo ler. Uma de Mario Draghi – “The Future of European Competitiveness” – e a outra do Grupo de Peritos que efetuou a avaliação interina do Programa-Quadro Europeu do Horizonte Europa, liderado pelo Sr. Professor Manuel Heitor, intitulado “Align, acta, accelerate- Research, technology and innovation to boost European competitiveness”.
A EU lidera iniciativas na área da sustentabilidade e da economia circular (compromisso verde -“Green Deal”) e na redução (em 55% até 2030 face os níveis de 1990) das emissões de gases com efeito de estufa (neutralidade climática até 2050). Contudo, estas publicações apresentam um denominador comum: a preocupação com o decréscimo da produtividade na UE quando comparada com os Estados Unidos da América (a diferença do PIB a preços de 2015 passou de 15% em 2002 para 30% em 2023) e com a China.
Esta problemática entronca perfeitamente com o livro que foi lançado na UTAD, a 30 de Outubro, intitulado “Que pirâmide humana? - o conhecimento e as opções de política pública em Portugal: 2000-2030”, também da autoria do Sr. Professor Manuel Heitor, ex-Ministro da Ciência e do Ensino Superior e certamente um dos maiores conhecedores e pensadores das políticas científicas em Portugal. Justamente impulsionado pelo saudoso Professor Mariano Gago e muito bem continuado pelo Professor Manuel Heitor, Portugal construiu em cerca de três décadas um ecossistema científico robusto, à altura de responder aos desafios que hoje enfrentámos e que, nesta coluna, já aqui bem expressei. Para além das Unidades de Investigação e dos Laboratórios Associados, focados na investigação, contamos também com Centros de Competências, Clusters e Laboratórios Colaborativos (CoLabs). Na região Norte Interior, registamos três CoLabs que muito têm impulsionado o desenvolvimento e a transferência de conhecimento para o tecido empresarial – o CoLab Vines & Wines, o ForestWISE associado à importante fileira florestal, o MORE – Montanhas de Investigação e o AquaValor, especializado na área temática da água.
Esta estratégia deve justamente contribuir para o aumento da produtividade do tecido empresarial em áreas-chave da nossa economia, sempre com o objetivo de criar valor acrescentado. Temos recursos humanos com talento e com capacidade para angariar financiamento competitivo no espaço europeu, impulsionando assim a inovação e transição digital, com a vanguarda da Inteligência Artificial. Não há razões para desculpas: mãos à obra.