Editorial

maio 2024

Estimados Leitores,

A comunicação social destaca a capacidade fazer que o novo governo tem demonstrado. E é um facto, pois em 40 dias conseguiu começar a limpar as gavetas – pelo menos as maiores - de assuntos pendentes e demonstrar como era necessário nos últimos meses, e até alguns anos, um governo que funcionasse.

O governo tem, e isto é factual; não é opinião – procurado cumprir o seu programa eleitoral com que independentemente das margens reduzidas, ganhou as eleições. Bem sei que desperto más memórias a muitos, mas agora é o tempo de deixarmos o governo trabalhar.

Escrevo isto por causa de dois assuntos muito politizados. A comunicação social perdeu algumas poucas horas a discutir o assunto do novo aeroporto ou o assunto da proposta fiscal do governo que dista, pelos vistos, cerca de 10 euros mês num escalão dos mais altos das propostas do PS e do Chega (sim, há, pelos vistos, uma proposta do PS que o Chega diz que vai votar favoravelmente) além de não conter potenciais ilegalidades constitucionais (e morais, eu diria) de impostos acima de 50%. Com estes assuntos alguns minutos da comunicação social e está a coisa arrumada.

Já com a mediatização das declarações que alguém considerou “patetas” de André Ventura sobre a capacidade trabalhadora de um dado povo – referindo que esse povo demorou 5 anos a fazer um aeroporto e que nós vamos demorar muito mais – o insulto, a discriminação negativa e o potencial auto desrespeito passa completamente ao lado de toda a gente; pois quem o Sr. Ventura está a desrespeitar nestas declarações são os portugueses e não o povo a que se referiu. Isso ninguém repara, já perdem o precioso tempo da Assembleia da República a discutir se pode ou não pode dizer o que quer e se o presidente da AR deve admoestar o senhor ou tirar-lhe a palavra (as duas únicas coisas que poderia fazer se quisesse, se bem que a segunda a coisa já estava dita e nada poderia fazer para a apagar….). Incrível..

E com os professores? O acordo alcançado com os sindicatos que representam a maior parte dos professores foi objeto de algumas notícias. Já a recusa normal e habitual de sindicatos altamente politizados pelos extremos como a FENPROF e o STOP, isso sim já é notícia a sério. Se os acordos assinados pelos outros não fossem para todos o que deveria acontecer é que os sindicalizados destes extremistas deveriam não ter acesso aos resultados de acordos que o seu sindicato não assinou, isso criaria a pressão necessária para os dirigentes profissionais desses sindicatos, pelo menos de vez em quando, fazerem acordos em vez de insultarem os colegas e os dirigentes políticos.

Os direitos deviam ser ligados com os deveres, uma urgência a incluir nesta sociedade em transformação e mutação na qual alguma comunicação social e alguns extremos só conseguem ver-se a si próprios.

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