Entrevista Moimenta da Beira Sociedade

João Silva: “A Região e a Agricultura têm futuro”

[caption id="attachment_1479" align="alignleft" width="300"]João Silva, presidente da Cooperativa Agrícola do Távora/Foto: Salomé Ferreira João Silva, presidente da Cooperativa Agrícola do Távora/Foto: Salomé Ferreira[/caption] O VivaDouro esteve à conversa com João Silva, presidente da Cooperativa Agrícola do Távora, em Moimenta da Beira, que revelou que este ano se verificou positivo tanto na área da maçã como da vinha. João Silva encontra-se à frente da cooperativa há cerca de 13 anos, sendo que na opinião do dirigente quem gere “tem de ir de encontro à região”. Em que contexto surgiu a Cooperativa Agrícola do Távora? A Cooperativa tem 60 anos de idade e surgiu como Adega Cooperativa precisamente com o objetivo de existir um lugar onde se pudesse concentrar a produção. Tinham passado poucos anos depois da 2.ª Guerra Mundial e era importante olhar para o panorama vitícola nacional e saber até que ponto é que os agricultores tinham ou não condições de manter as vinhas e garantir o escoamento dos produtos. Um grupo de agricultores estando atentos às necessidades do país e da região resolveu lançar a obra e trabalhar no sentido de ter condições para lançar as primeiras pedras para a construção da Adega Cooperativa de Moimenta da Beira. A partir daí a Adega foi crescendo e criando condições para ser uma estrutura com solidez na região. Quais são os principais objetivos da cooperativa? O nosso principal objetivo é em primeiro lugar garantir estabilidade aos agricultores, garantir que lhes pagamos as uvas com alguma dignidade para eles poderem continuar a trabalhar nas produções agrícolas. O grande objetivo é continuar a ser uma estrutura sólida que se afirme na região e no país e que dê garantia de dignidade a todos os seus associados, ou seja, produzir cada vez melhor maçãs e uvas e garantir que estas têm sustentabilidade para que o mercado possa continuar a preferir as maçãs que aqui se vão produzindo e os vinhos que resultam das uvas desta região. Quais são as principais vantagens que os produtores encontram ao trabalharem com cooperativas? A primeira grande vantagem tem a ver com o consumidor. Quando os consumidores escolhem produtos das cooperativas estão a escolher produtos portugueses. Depois ao preferirem produtos das cooperativas estão a dar alguma sustentabilidade ao que é a coesão territorial. Todos os parceiros que colaboram nesta estrutura têm por finalidade garantir a sustentabilidade da região, ser também ela própria sustentável e criar postos de trabalho. Entenda-se que a cooperativa neste momento é a maior entidade empregadora da região, salvaguardando as câmaras e os agrupamentos de escolas. Quantos trabalhadores têm neste momento? Neste momento trabalham diariamente na nossa estrutura mais de 72 cooperantes a tempo definitivo. Nesta altura temos ainda mais colaboradores porque estamos numa fase de trabalho sazonal. No que diz respeito à produção dos últimos três anos, qual foi a quantidade de produtos produzida? E o valor? No que se refere à maçã temos estado em crescimento. Este foi o ano de maior produção da história da cooperativa no que se refere a este produto. O ano passado foi um ano com menos quantidade mas de grande excelência e há dois anos também foi um grande ano de produção de maçã ainda que a qualidade não fosse tão boa como o ano passado e até mesmo este ano. Houve alguma razão para a produção deste ano ter sido maior? A razão pela qual houve uma grande quantidade de maçã não tem só a ver com o aumento de produção mas tem a ver com o aumento da área produtiva. Existe cada vez mais gente a procurar plantio de maçãs ou porque reconverteu o pomar com novas variedades e técnicas que lhe permitam aumentar a produção por hectare ou com a entrada de jovens agricultores que dedicaram a sua atenção à produção deste produto endógeno. [caption id="attachment_1480" align="alignleft" width="300"]De acordo com o dirigente a produção de vinho este ano foi cerca de 25% acima do que seria normal/ Foto: Salomé Ferreira De acordo com o dirigente a produção de vinho este ano foi cerca de 25% acima do que seria normal/ Foto: Salomé Ferreira[/caption] Esse crescimento também se verificou na área do vinho? No que se refere à vinha há dois anos houve uma produção menor, fruto de alguns problemas climatéricos. No ano passado a produção já foi um pouco melhor, ainda não tão exuberante como este ano, pelo facto de ter havido bastantes arranques de vinha para reestruturação. Isto refletiu uma pequena quebra de produção, mas ao mesmo tempo o garante de no futuro ter uma produção maior e de melhor qualidade. Este ano isso já foi notório, tivemos uma produção cerca de 25% acima do que seria normal num ano comum e para o ano iremos ter com certeza uma produção maior, isto em condições normais de funcionalidade e de clima porque vai haver mais área de produção. Nos próximos quatro anos haverá um acréscimo de produção. A Cooperativa Agrícola do Távora tem apostado na exportação? Já aderimos há uma série de anos a um protótipo de exportação, candidatámo-nos à chamada internacionalização para países terceiros: China, Angola, Brasil e Estados Unidos. Temos também um mercado europeu para onde vendemos significativamente. Este ano em particular está a ser bastante favorável em termos de exportação, já mandámos alguns contentores de vinho para a China e estamos a mandar alguns para o Brasil. Encontramo-nos ainda a exportar bastante espumante para a Europa.  Já apostaram também na exportação de maçã? Este ano já exportámos cerca de 20 contentores de maçã para a Colômbia e para o Chile e temos grandes pedidos de maçã para o Dubai e Arábia Saudita. A questão que se coloca é que o preço não nos agrada substancialmente, nomeadamente para estes dois países. Para os países da América Latina temos exportado com regularidade, um contentor por semana, estamos a falar de cerca de 22 toneladas por semana, o que para nós é um bom negócio porque nos ajuda a escoar determinado produto e ao mesmo tempo recebemos algumas divisas que dão estabilidade financeira à empresa. Há perspetivas de crescimento na área da maçã? Penso que sim, a região está a crescer. No entanto estamos a começar a debater-nos com problemas de frio industrial. As várias organizações que existem na região estão a ser confrontadas com grandes problemas ligados à falta de frio. A grande concentração de maçã que os nossos agricultores produzem já supera em muito as instalações de conservação existentes. É necessária a criação de novas infraestruturas que permitam que exista lugar para guardar as maçãs que os agricultores vão produzindo. No entanto essas estruturas são caras e é preciso existir capacidade financeira para se poder candidatar a fazer estruturas deste tipo. Se tivéssemos essas condições teríamos certamente mais investimento, mais gente interessada em produzir e mais dinâmica no mercado. Neste momento era importante existir esse risco para podermos mostrar que a região não morre e vai haver continuidade naquilo que é o trabalho e a dinâmica das estruturas que funcionam. O que é que espera para o futuro da cooperativa? Espero um futuro risonho. Está a correr bem a dinâmica que imprimimos à estrutura, estamos a ter alguma procura nos nossos produtos estamos também a evidenciar garra para ir de encontro aquilo que são os desafios do futuro. Temos de ter alguma ousadia. Penso que a região tem condições para avançar e se a região tem condições para avançar o governo tem de pensar na região para que exista um território sólido que fixe pessoas. A Região e a Agricultura têm futuro.

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