Esta frase foi proferida pela primeira vez por Jorge Sampaio, no discurso das comemorações do 25 de abril na Assembleia da República em 2003. Tornou-se um clássico da política nacional, que se aplica ao cenário atual.
A discussão do orçamento de estado para 2025 transformou-se num espetáculo da política, longo e cansativo que dura há algumas semanas. O país, seguramente, preferia uma reflexão política mais profunda que prossiga objetivos de competitividade, de sustentabilidade, bem como de coesão e equidade territorial.
A discussão sobre questões transversais como a organização do estado incluindo a descentralização e a desconcentração de serviços não parece ser prioridade. De igual modo, a problemática da demografia, da mudança de modelo económico e do apoio às empresas que apostam no desenvolvimento dos territórios do interior não estão na primeira linha do debate político.
Os principais partidos políticos inscreveram nos seus programas eleitorais um capítulo sobre as questões da coesão territorial, contudo, na prática passou para segundo plano. Este tema exige soluções baseadas no diálogo e concertação para contrariar as desajustadas assimetrias territoriais, envolvendo as pessoas, as instituições e as organizações.
O tempo passa e as reformas são adiadas, como é o caso da descentralização e da coesão territorial. Por estes motivos, acentua-se o sentimento de abandono das populações que vivem fora dos principais eixos urbanos, esquecidas e mesmo excluídas do conhecimento e da decisão política.
Vence o populismo reinante no país, perdem os territórios como o Douro.