Paulo Oliveira tem 35 anos e está emigrado em Bolonha, Itália, há 8. Com o evoluir da pandemia regressou a Portugal, à sua cidade, Peso da Régua. Neste regresso o VivaDouro falou em exclusivo com este duriense que avisa “Fiquem em casa”.

Acabou de regressar de Itália, como descreve a situação que se vive lá?
Caótica. . . Um cenário de "guerra", mas contra um inimigo invisível e "desconhecido" . . . O pânico ainda não se instalou, mas a apreensão, essa é muita. Começa a ser escaça a falta de géneros alimentícios, mas não falta ainda. Os números de mortes por exemplo, estará 5 a 10% abaixo da realidade. Pessoas a morrer em casa e ambulâncias. Nos hospitais, os "escolhidos" ficam aliviados por ter acesso a tratamento, enquanto que quem vai embora , sabe que tem os dias contados. Já nem se trata de ser jovem ou idoso .A situação é desoladora e o futuro assustador, a todos os níveis. Cidades sem vida, carregadas de "nuvens negras".
O que falhou para que a situação chegasse a este ponto?
Para ser sincero o que levou a que chegasse a este ponto, foi o modo de vida "irresponsável" dos italianos e a sua falta de senso cívico. O povo italiano é , regra geral um pouco rebelde com as regras. Continua a ver-se pessoas que não respeitam a quarentena levando à intervenção de forças militares para impor essas regras. Associando esses fatores, com o grande numero de idosos e a falta de hospitais e pessoal medico qualificado levaram o pais a este estado de crise.
Regressa por receio do vírus ou por, estando em casa, optou por vir para junto da família?
A razão principal foi para estar junto da família. O combate ao vírus começa no respeito das medidas de prevenção. Prefiro cumprir essas mesmas medidas junto dos meus e sendo sincero, por conhecer a realidade de Itália, o medo estava a instalar-se.
Foi fácil chegar a Portugal? Como veio?
Vim de avião, e sim foi relativamente fácil. Tive apenas de dar conhecimento às autoridades italianas, através de preenchimento de um formulário especifico e provar que tenho residência também em Portugal e a razão pela qual saia do país.
Que procedimentos foi obrigado a cumprir quando regressou?
Os procedimentos que CUMPRO, foram impostos por mim. Achei ridículo , vir de uma zona altamente afetada, e para minha surpresa no Aeroporto Francisco Sá Carneiro , não existia controlo algum . Tal facto levou-me a dirigir de imediato ao posto medico do aeroporto para tentar perceber que medidas estavam a ser adotadas e ainda me disseram e passo a citar "porque me está a colocar essa questão? Parece-me um pouco exaltado." Eu ri, virei costas e dirigi-me ao gabinete da ANA para colocar a mesma questão e entregaram-me um pequeno panfleto com as recomendações básicas. De livre e espontânea vontade dirigi-me ao Hospital de S. João, fiz analises as quais deram negativas. Recomendaram a permanecer em casa e voltar 7 dias depois. Novas analises, mesmo resultado. Quero salientar que cheguei uns dias antes de serem adotadas as medidas implementadas pelo governo Português.
Tendo conhecimento da realidade em Itália, estará Portugal preparado para um impacto semelhante do Covid-19?
Preparado penso que ninguém está, ninguém, nem nenhum país, mas medidas foram adotadas atempadamente, o que fez com que o controlo do vírus e sua propagação venha a ser muito menor.. O importante e essa é a nossa maior arma contra esta epidemia, FICAR EM CASA. Não fazer de conta "que só acontece aos outros" . . .
Ainda com base na sua experiência em Itália, que recomendações da DGS considera serem mais importantes de cumprir?
FICAR EM CASA. . . Essa é a principal. . . Esse foi o facto que mais contribuiu para a situação Italiana. As pessoas têm de entender que os sintomas não surgem de um dia para o outro. Dou o exemplo da cidade de Vò na província de Pádua. Um exemplo para Itália e o mundo.
O regresso a Itália é uma certeza ou neste momento é uma situação que reconsidera?
Para já, uma certeza.