Estimados Leitores,
O tema do momento é o falecimento de Jorge Nuno Pinto da Costa. É absolutamente incontornável e indesmentível seja por quem for a importância que esta personalidade teve no desenvolvimento do Norte de Portugal e na sua afirmação mundial.
Pinto da Costa transformou um clube regional num dos clubes mais respeitados do mundo e ao fazê-lo ajudou a transformar o Porto e a região Norte num destino predileto de muitas pessoas, empresas e investimentos.
Ser líder de uma pequena instituição é muito fácil, se se pretender que ela continue a ser pequena.
Difícil é fazer crescer uma pequena organização e torná-la grande. Mais difícil ainda é torná-la uma das maiores da região. Ainda mais difícil é torná-la numa das maiores do país. E ainda mais difícil é torná-la uma das maiores do mundo. E com a pequena instituição ou organização conseguir colocar no mundo toda uma região isso já é obra, mesmo que seja em 44 anos.
Pinto da Costa teve sempre a coragem de ir atrás das suas convicções e de conseguir levar os outros a fazer o mesmo. Teve sempre a coragem de lutar contra os números frios das contabilidades e dos prejuízos contrapondo com o investimento e a visão de médio e longo prazo. E teve sempre a coragem de nunca ser hipócrita. Sempre afrontou os seus opositores e adversários sem falsas palavrinhas mansas e sem nunca esconder o que lhe ia na alma, mesmo que por isso também gerou muitos anticorpos.
As grandes decisões de grandes líderes ficam para a história. As polémicas do momento são depois ultrapassadas pelos benefícios de longo prazo que não foram previstas por mais ninguém, mas que o líder visionário viu. E o tempo dá muitas vezes razão a quem aparentemente não a tinha no momento.
A coragem de tomar opções difíceis, como a da venda dos terrenos das Antas para financiar parcialmente a construção do Estádio do Dragão, permitindo que o estádio das Antas, inaugurado em 1952, tenha sido demolido para dar lugar ao Estádio do Dragão, construído para o Euro 2004, foi muito criticada na época, pois, ao contrário do Benfica e do Sporting, a opção foi pela construção de um estádio novo num local ligeiramente diferente do anterior.
Uma obra com muitas dificuldades de financiamento que levou a que o clube tenha tido muitas dificuldades nos anos seguintes.
Mas o Estádio do Dragão tornou-se um dos estádios mais modernos de Portugal e uma referência na Europa e no mundo.
E o clube regional, sobre a liderança de Pinto da Costa é o vencedor de 2 Ligas dos Campeões, 2 Taças Intercontinentais, 2 Ligas Europa, 1 Supertaça Europeia, 22 campeonatos nacionais, 13 taças de Portugal e 20 Supertaças. Com a sua liderança, o futebol profissional do FC do Porto participou em 2,105 jogos, obteve 1434 vitórias, 373 empates e apenas 298 derrotas.
E são, no total, 69 títulos. Isto só no futebol. Porque em modalidades como a andebol, o basquetebol, o hóquei e muitas outras o clube também tem longos e distintos percursos de vitórias e de participações vencedoras. Pinto da Costa ser o presidente de um clube com mais títulos do mundo é uma marca assinalável e que muito dificilmente será ultrapassada seja por quem for.
Pinto da Costa merece tudo o que lhe foi dito nestes últimos dias por centenas de personalidades. A sua coragem, tenacidade, frontalidade, lealdade e a sempre presente vontade de vencer e de fazer o clube vencer fez a diferença na transformação do clube, da cidade, da região e do Norte de Portugal.
Não sei onde li ou ouvi alguém a apelidá-lo de “Insaciável Vencedor”. Penso que é um excelente resumo da vida de um Grande Homem.
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