Hoje, 22 de maio, celebra-se o Dia Internacional da Biodiversidade.
É altura para nos relembrarmos da importância da biodiversidade, um conjunto complexo e dinâmico de formas de vida, animal e vegetal, que interagem entre si e com o meio ambiente, para desempenharem um papel relevante nas nossas vidas. Assim, estes organismos ocupam um lugar fundamental no suporte dos ecossistemas, traduzido na capacidade de gerarem os designados serviços do ecossistema, que incluem: i) serviços de provisão (alimentos, água, combustíveis e madeira), ii) serviços de regulação (polinização, purificação da água e do ar, reciclagem de resíduos e manutenção da fertilidade do solo, regulação de pragas e doenças, regulação do clima e de eventos extremos), iii) serviços de suporte (habitat para as espécies, manutenção da diversidade genética), e iv) serviços culturais que, sendo benefícios não materiais, como o recreio e a beleza da paisagem, contribuem para o nosso bem-estar físico e mental. Acontece que, como parte destes serviços são encarados como sendo “bens garantidos”, o seu real valor (económico, ecológico e social) tem sido, frequentemente, menosprezado.
Atualmente, é alarmante o número de espécies já perdidas ou que se encontram em perigo de extinção, e é difícil prever as consequências deste declínio de biodiversidade, considerado por alguns investigadores como o sexto evento de extinção em massa na História da Terra. Neste sentido, importa que cada um de nós tenha consciência do importante papel da biodiversidade, identifique as causas que têm levado ao seu declínio (como a perda de habitat, a poluição do solo, da água e do ar, as alterações climáticas, a introdução de espécies exóticas e a sobre-exploração dos recursos biológicos e naturais) e identifique o tipo de ações que pode adotar, por forma a usar os recursos naturais de forma sustentável, enquanto promove o incremento da biodiversidade e dos serviços por ela facultados.
Felizmente, existem hoje estratégias (como o Pacto Ecológico Europeu, a Estratégia de Biodiversidade da União Europeia para 2030, a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade para 2030, e a PAC 2023-2027) que, a par da Agenda 2023, das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, dão orientações no sentido de proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas e travar a perda de biodiversidade.
Em 2024, o tema proposto pela Organização das Nações Unidas para a celebração do Dia Internacional da Biodiversidade é “Faça parte do plano”, apelando à ação de todos, no sentido de, num esforço comum, se alcançarem os objetivos referidos. Pretende ainda incentivar a implementação do Quadro Mundial de Kunming-Montreal em matéria de biodiversidade, um Quadro que enumera uma série de objetivos gerais e metas que visam proteger e restaurar a natureza para as gerações atuais e futuras, assegurando a sua utilização sustentável e estimulando investimentos em favor de uma economia mundial verde. Esta iniciativa em conjunto com o Acordo de Paris sobre o Clima, abrem o caminho para, até 2050, se atingir um mundo climaticamente neutro, respeitador da natureza e resiliente.
Enquadra-se nos objetivos referidos, o projeto ECOSPHEREWINES “Melhoria dos serviços ecossistémicos e das infraestruturas verdes em zonas vitivinícolas de elevado valor ecológico”, coordenado pela Fundação Juana de Veja (Espanha) e do qual o CITAB/ UTAD é parceiro. Assim, este projeto visa o incremento dos serviços ecossistémicos prestados pelas paisagens vitícolas localizadas na região do sudoeste da Europa, através da implementação de uma rede de infraestruturas ecológicas em zonas de elevado valor ecológico. Neste sentido, tem como objetivos a conservação e gestão sustentável dos recursos naturais, através da promoção da biodiversidade e aumento da sua resiliência às alterações climáticas, de modo a responder aos atuais desafios agrícolas e ambientais.
Para finalizar, gostaría de deixar para reflexão as palavras de António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas: “Para cuidarmos da Humanidade temos que cuidar da Natureza”.