Com o intuito de promover turisticamente o território, a CIM Douro criou o Passaporte Douro, um documento que levará o turista “a viver uma experiência única”.

Nascido da vontade dos 19 autarcas o Passaporte Douro conta ainda com as parcerias do Instituto do Vinho do Douro e Porto (IVDP) e do Turismo do Porto e Norte (TPN).

“Passaporte Douro é a ação que visa mostrar o Douro nas suas diferenças e nas suas riquezas, que elege a monumentalidade, a cultura e as gentes como o mais importante desta imensa região de patrimónios da humanidade e de incomensurável potencial no País e no Mundo.

É igualmente uma iniciativa que visa impulsionar o turismo no Douro depois do longo período de quase estagnação provocado pela pandemia da Covid-19”, pode ler-se na nota de apresentação do documento, enviada à imprensa.

O Passaporte do Douro é um projeto que parte de uma ideia simples mas dinâmica e, essencialmente, muito prática. Ou seja, os visitantes do Douro podem obter nas lojas interativas de Turismo dos 19 municípios o Passaporte Douro, e iniciar a sua viagem à descoberta de 76 pontos de interesse (monumentos, miradouros, tradições, romarias, …)nesta área geográfica de mais de 4 mil quilómetros quadrados que é a CIM Douro.

À passagem por cada um dos pontos de interesse carimbam o Passaporte e quando completar a sua “viagem” pelo território da CIM Douro o turista receberá um Certificado de Excelência e uma oferta exclusiva do IVDP, uma garrafa de vinho do Porto exclusiva. A validade do documento é de dois anos, dando um espaço temporal ao seu portador de passar por todos os locais.

Para auxiliar os visitantes, está ainda disponível uma aplicação, através de qr code, que contém vídeos promocionais dos pontos de interesse indicados por cada município.

“O objetivo é fazer o circuito, mas sobretudo ficar com memórias, para que amanhã, sem passaporte, vá lá na mesma”.

Domingos Carvas é autarca de Sabrosa e vice-presidente da CIM Douro. Numa conversa com o VivaDouro antes do lançamento oficial do Passaporte, o edil destaca o potencial do documento na promoção do território.

Para Domingos Carvas,  o passaporte será útil para o turista que chega ao Douro, ajudando-o a identificar vários pontos de interesse na região, mas também para os durienses que certamente irão descobrir locais na sua região que nem sequer julgavam existir.

Como é que nasce este passaporte?

O Passaporte é um objetivo de mandato. Não é fácil fazê-lo, é verdade mas, somos 19 autarcas e queremos ver nesse passaporte tudo representado, e quando digo tudo é o território.

O passaporte é uma forma de levarmos o turismo ao Douro mais profundo, ao Douro menos conhecido, do interior. Ao Douro que nem sequer faz fronteira com o rio mas que não é por isso que deixa de ser Douro.

O Douro comercial começa no Porto e vem ali até ao Pinhão, é um Douro de margem. O que se vê do rio é o Douro deles mas há muito mais para além daquilo que se vê do rio.

Se é mais ou menos bonito? O Douro é um território vasto com cerca de 200 mil pessoas que não moram todas na margem do rio, que quanto mais afastados estão mais esquecidos ficam. O passaporte vem, de alguma forma, ajudar a retirar do anonimato coisas bonitas que o Douro tem.

Este passaporte não discrimina nenhum concelho da região, todos têm o mesmo espaço e cada um pode escolher o que ali quis colocar, o que considerou mais útil. Bem como toda a informação e vídeos que se podem ver através da aplicação de qr code, é tudo responsabilidade de cada município, não houve nenhuma imposição. Isto não nasceu de cima para baixo, a CIM limitou-se a arranjar alguém que agregasse, tratasse e publicasse toda essa informação.

Olhando para um lado mais prático do documento, dois anos de validade é suficiente?

Se nós não lhe dermos um espaço temporal, que podemos admitir que seja um pouco curto, o passaporte vai-se perder no tempo, temos que ser desafiantes. Não só ao colocar esse período temporal mas também na forma como nós próprios olhamos para ele.

O próprio prémio é algo exclusivo, eu não vou arranjar no mercado nenhuma garrafa com aquele timbre, não há.

Sem esquecer as coisas maravilhosas que aqui pode viver. Olhando em especial para o turista interno, nós próprios daqui da região, não conseguimos fazer a volta pelos 19 municípios? Haja vontade em conhecer coisas diferentes, outras paisagens, a sua própria região.

Há pessoas aqui que se calhar conhecem melhor o Algarve do que o Douro.

Temos, de uma vez por todas, que conhecer a nossa região para a podermos ensinar aos outros.

Percorrendo o passaporte, podemos dizer que ficamos a conhecer toda a riqueza cultural, social e patrimonial destes 19 municípios?

Na profundidade não, mas é uma grande ajuda.

É o princípio de me levarem mais vezes a um determinado lugar, porque gostei da paisagem, das pessoas, de algo que ali comi, são várias as razões que nos fazem voltar, e esse continuo regressar aprofunda o conhecimento.

Vamos pegar num exemplo, as Amendoeiras em Flor. É um destino… dar uma volta de autocarro, tirar umas fotografias e regressar a casa. O passaporte contradiz esta ideia, pretende-nos levar a diversos locais, podendo na mesma ver as amendoeiras em flor.

Para além do carimbo no passaporte há ainda um espaço onde cada um pode tomar notas sobre determinado local, memórias que eu próprio vivi lá.

Houve a preocupação de escolher as imagens que fossem o mais atrativas possível, precisamente para me levar lá, precisamente porque o objetivo é fazer o circuito mas sobretudo ficar com memórias, para que amanhã, sem passaporte, vá lá na mesma.

É um percurso que é fácil de fazer por pessoas de qualquer idade?

Sim, os locais são de fácil acesso até porque houve um grande trabalho das autarquias nesse sentido nos últimos anos. Depois, no local, existe um qr code que leva as pessoas para uma explicação do local onde se encontra, num pequeno vídeo, e outras informações importantes.

É uma explicação simples mas ao mesmo tempo imersiva ao ponto se sentirmos que também fazemos parte daquele local.

Se juntarmos  a tudo isto a questão da sinalética que também estamos a trabalhar, na CIM Douro, num projeto âncora de desenvolvimento e crescimento, então ficará ainda mais fácil aceder a todos os locais, até os mais recônditos. Vai ser um complemento útil para nos movimentarmos com mais facilidade entre estes locais. Que não seja por falta de sinalética que alguém não vá a um qualquer local.

Este vai ser um documento útil para os durienses conhecerem a sua própria região?

Antes da pandemia, no dia dos avós, fomos fazer o tradicional passeio. Para onde foram as pessoas daqui? Para o Santoínho e outros locais fora da região… levava-se as pessoas em autocarros, para recintos fechados, com qualquer coisa para comer e um vinho fraco, no final um bailarico com umas concertinas e estava feito…

Há três anos eu peguei em oito autocarros com gentes daqui do concelho e fomos para a Senhora da Lapa, em Sernancelhe. Quem quis foi à missa que foi celebrada propositadamente para eles, no final desceram ao multiusos de Sernancelhe onde foram recebidos pela autarquia e foi servido um repasto. Música quanto quiseram, bailarico animado  até virem embora. Ainda hoje há quem nos peça para lá regressar. Tudo isto ficou por metade do custo.

Isto exemplifica muito bem que nós não conhecemos a nossa região. Se 90% das pessoas que foram nesse passeio, nunca tinham ido a Sernancelhe… O que dizemos agora às pessoas de Sernancelhe é que façam o mesmo, que se organizem e venham visitar o nosso Santuário da Senhora da Saúde e fazemos lá um picnic.

Porque é que não havemos de ir à Senhora da Cunha, ou à praia da Foz do Sabor? Quantos durienses conhecem a praia da Congida em Freixo de Espada à Cinta? Muito poucos.

Houve aí um programa da CCDR-N, o Somos Douro, que era um conceito fantástico. A ideia era trazer espetáculos ao Douro profundo.

O que é que aconteceu? Em vez de o fazerem de baixo para cima, fizeram de cima para baixo… Eu não posso ir ao Espaço Torga falar de Torga, o local já fala por si. Eu devia ir ao Aquilino falar de Torga e vice-versa.

Temos que levar às pessoas o que elas não conhecem, a literatura, a história, a música… nós temos tanta coisa…

Eu vou conhecer coisas com este passaporte que amanhã, sendo autarca, podem ser interessantes para organizar um passeio como nós aqui fizemos à Senhora da Lapa. Se nós pegamos em 500 pessoas e as levamos a Freixo, ou a Sabrosa ou a Sernancelhe, é um acontecimento.

Há pessoas aqui que conhecem o Santuário do Bom Jesus e não conhecem a Catedral de Moncorvo, que é lindíssima. E até pode nem ser mais bonita que o Bom Jesus, mas é nossa, devemos conhecer.

O pior que nos pode acontecer é ter as coisas e as pessoas não saberem que elas existem. Não é normal ficarmos de boca aberta com algo que seja da nossa região, é normal quando vamos para outros locais, para fora daqui.

Somos capazes de sair daqui e fazer uma distância enorme para irmos para o Azibo, em Macedo de Cavaleiros mas somos incapazes de ir pelo IC5, sair no Pópulo e ter ali perto a Foz do Sabor, mesmo juntinho ao Douro, em metade do tempo e da distância, mesmo aqui ao lado. Ou conhecer o Gerês e não conhecer o Tua, também é um Parque Natural.

Compete-nos a nós autarcas mudar isto e este passaporte é um primeiro passo que damos nesse sentido.

Sendo uma aposta evidente no turismo, podemos dizer que é um projeto já a pensar no pós-Covid?

Não chega fazer o passaporte, temos que o “vender”. Há que fazer um marketing territorial, mas cada município também o deve fazer por si, por isso é que nós também não vamos dar os passaportes, vamos vendê-los por um preço simbólico.

As coisas quando são oferecidas tendem a ser desvalorizadas.

E esse plano de marketing, está pronto?

Está. Foi feito propositadamente para isto e com um custo que não podemos desperdiçar. Mas tem também que ser incutido em cada autarca, porque é de presidentes de câmara que estamos a falar.

Uma vez que ele é vendido, cada autarca tem que exigir, no seu território, uma dinâmica para o passaporte, não é pegar neles, colocar num local qualquer e esperar que as pessoas o venham procurar.

Eu se receber um visita no meu concelho vou-lhe dar um passaporte, mas não é só dar, é explicar o que é, para que serve, desafiando a percorrê-lo.

Eu não o vou vender, vou comprar à CIM e oferecer às pessoas, mas depois posso criar incentivos extra além do prémio que o passaporte já dá. Por exemplo, eu posso contratualizar com a Casa das Pipas, por exemplo, oferecer uma estadia a quem aparecer aqui com os carimbos todos no passaporte.

Se nos resguardarmos dessa exposição não vamos a lado nenhum, não nos adianta ter boas acessibilidades.

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