O Dia Mundial da Alimentação, este ano, arranca com a premissa “Não deixar ninguém para trás” e tem como objetivo principal a sensibilização para a insegurança alimentar e para o direito à alimentação.
Sabe-se que milhões de pessoas por todo o Mundo não conseguem aceder a alimentos em quantidade suficiente aumentado a prevalência de malnutrição; por outro lado, os alimentos produzidos atualmente são suficientes para alimentar todos os indivíduos do planeta. Sendo assim, fará ainda sentido falar em insegurança alimentar?
Provavelmente, muitos de nós tendem a associar rapidamente insegurança alimentar a países subdesenvolvidos, com acesso limitado a alimentos e outros bem essenciais. Mas a verdade é que a insegurança alimentar traduz não só a escassez de alimentos como a pobre qualidade dos mesmos.
O problema não está na quantidade produzida, mas sim no acesso e disponibilidade de alimentos nutricionalmente saudáveis (que são, muitas vezes, menos palatáveis) que tem sido dificultado por diversos fatores, desde a pandemia COVID-19 às alterações climáticas, desigualdades sociais, aumento de preços das matérias primas, tensões políticas internacionais, entre outros.
Perante uma crise global, soluções globais são necessárias! Alguns de nós podem estar mais vulneráveis do que outros, dependendo do meio onde vivem e das condições socioeconómicas que têm, mas a verdade é que todos somos frágeis em determinando ponto.
Num Mundo globalizado como o nosso, quando alguém é deixado para trás, toda a restante cadeia “rompe” e isto impacta mesmo os países que se consideram desenvolvidos.
Precisamos de cereais, de grãos, de hortícolas, de peixe e para isso precisamos que haja quem os plante, os trate e os colha ou pesque.
Lembremo-nos do lema: melhor produção, melhor nutrição, melhor ambiente, maior qualidade de vida
E quando não queremos deixar ninguém para trás, fará sentido acharmos que somos autosuficientes e continuarmos a acreditar que a inovação alimentar é o passo a seguir para o futuro da alimentação? Ou será que devíamos reunir estratégias de sensibilização de hábitos alimentares saudáveis e sustentáveis para que a premissa esteja na prevenção e não no tratamento?
Não deixemos ninguém para trás: trabalhemos para que haja distribuição equitatária de alimentos mas também para que a política alimentar se foque na educação alimentar precoce e atempada para que não seja só a quantidade mas também a qualidade de alimentos a ter importância na escolha de cada um.