O ano de 2023 foi de particular exigência e fica marcado por um cenário difícil para o setor vitivinícola. Segundo as primeiras estimativas, divulgadas em novembro, pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), a produção mundial de vinho em 2023 deverá registar uma quebra de 7% em relação ao volume, já de si abaixo da média, de 2022. As condições climáticas extremas – como geadas precoces, chuvas fortes e períodos de seca - tiveram um impacto significativo na produção vitivinícola mundial, verificando-se diminuições significativas nos principais países produtores de vinho em ambos os hemisférios. Apenas os EUA e alguns países da UE, como a Alemanha, Portugal e a Roménia, registaram condições climáticas favoráveis que resultaram em volumes médios ou acima da média.
Contudo, num contexto em que o consumo global está em declínio e as existências são elevadas em muitas regiões do mundo, a baixa produção esperada poderá trazer equilíbrio ao mercado mundial. A tendência para a diminuição do consumo de vinho tem resultado da combinação de diversos fatores: a sucessão de eventos (Covid-19, crise de abastecimento global, inflação elevada em 2022/23) que provocou um decréscimo da procura; as políticas de saúde que estão a moldar novas tendências de consumo, especialmente nas gerações mais jovens; a forte concorrência de bebidas com menor teor alcoólico. A conjuntura global apresenta, assim, desafios sem precedentes.
As alterações climáticas obrigam-nos também a respostas estratégicas. Foi assim em 2023, onde eventos climáticos extremos afetaram diretamente a qualidade e a quantidade das colheitas. Neste contexto, o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP, IP) enfrentou a necessidade premente de analisar as estratégias implementadas e considerar novas abordagens para garantir a sustentabilidade do setor.
Ao longo do tempo, temos tido a oportunidade e a capacidade de modificar práticas de gestão, aprofundar a cooperação com os atores do ecossistema e procurar sinergias para potenciar a atuação conjunta, fortalecendo este compromisso e a necessidade de trabalhar em colaboração com os cidadãos e os agentes económicos. A nossa missão concentra-se na convergência de políticas que assegurem a proteção e a promoção das DOP Douro e do Porto, e da Região Demarcada do Douro (RDD). A estratégia adotada baseia-se em quatro pilares essenciais: investir nas pessoas, desenvolver a gestão, explorar a tecnologia e reforçar a proximidade. A modernização e inovação têm sido cruciais para garantir a sustentabilidade do território, utilizando a ciência para melhorar a eficiência e reduzir custos.
As medidas propostas pretendem enfrentar os desafios socioeconómicos atuais, visando atrair investimento, fixar população, inovar na produção e criar mais riqueza. A RDD enfrenta o desafio de uma população envelhecida, sendo crucial a implementação de políticas que revertam essa tendência. Neste contexto, o IVDP, IP é um parceiro indispensável na promoção da consolidação demográfica e social na RDD, contribuindo para uma coesão territorial efetiva.
Apesar de um ano particular e conjunturalmente difícil para o setor, o IVDP, IP consolidou grupos de trabalho no Conselho Interprofissional, visando reformas estruturais para valorizar as Denominações de Origem Protegidas (DOP). Destaca-se a revisão do Estatuto das DOP e IGP da RDD, com propostas que abrangem desde o fim do stock mínimo para a DOP Porto, até possíveis simplificações administrativas.
Assim será em 2024, onde estaremos empenhados em liderar a inovação, investir em tecnologias emergentes e promover um compromisso contínuo com a inovação, a sustentabilidade e a colaboração, essenciais para enfrentar os desafios e explorar as oportunidades no cenário vitivinícola da RDD.