Entrevista São João da Pesqueira

“Colocar a Pesqueira no mapa foi um objetivo alcançado com sucesso”

A cumprir o segundo mandato à frente do município de São João da Pesqueira, Manuel Cordeiro é o único independente entre os 19 autarcas da CIM Douro.

Ser autarca implica uma dedicação ao cargo que vai muito além das habituais 8 horas de trabalho. Quem fica a perder com esta dedicação?

A família, sem dúvida. Se eu fico a perder em termos de saúde ou envelhecimento, é comigo.

Como é que se compensa esta menor presença junto da família?

Compenso nos hobbies que gosto de ter, mas dos quais abdico para passar tempo com a família.

Outra coisa que faço questão de fazer é ser eu todos os dias a levar as minhas filhas à escola. É uma forma de estar com elas diariamente, independentemente das horas a que chego a casa no dia anterior, é sagrado.

Que hobbies são esses?

Andar de mota, por exemplo, ou caçar, coisas que já não faço há algum tempo.

Quando chegou à autarquia chegou a afirmar que os acordos eram feitos de boca, essa imagem que o município tinha é passado?

Claramente. Inclusivamente a imagem que passamos neste momento é que, para além de termos um prazo de pagamento reduzido, as coisas são feitas com seriedade.

Se tiver que adjudicar uma obra, por exemplo, num muro que custe 4 mil euros, eu não a faço por ajuste direto com quem me apetece, peço sempre vários orçamentos. Apesar do valor permitir que fosse ajuste direto faço-o para assegurar a saúde financeira da câmara, quem fizer mais barato é quem ganha a obra.

Rigor?

Sem dúvida.

Nestes cinco anos que leva à frente da autarquia, do que se orgulha mais?

Do que me orgulho mais é da promoção que fazemos do concelho que hoje em dia é muito mais conhecido do que quando aqui chegamos. Colocar a Pesqueira no mapa foi um objetivo alcançado com sucesso.

É claro que há muitas outras coisas mas que demoram mais tempo do que um só mandato, como acessibilidades ou serviços. Se não as conseguir então ficarei desiludido.

Está agora no segundo mandato, aquilo a que se propôs na última campanha, é exequível?

Claro, não proporia nada que não considere exequível, até porque se, tudo correr bem, irei a eleições novamente.

A questão era se é exequível neste mandato.

Há sempre projetos que não se conseguem iniciar e terminar em quatro anos. Posso dar dois exemplo de projetos que se iniciaram no mandato anterior e que nos propusemos terminar neste: a requalificação da N222 e a UCC.

Estão mais perto daquilo que estavam antes, mas a nossa ideia é que até ao final do mandato estejam concluídas, contudo, não o posso garantir a 100% porque também não depende apenas da nossa vontade.

Até ao final deste segundo mandato, o que era importante deixar terminado?

A N222, sem dúvida nenhuma. Se o Governo não honrar o que me prometeu fico sem ter o que dizer às pessoas, mas estou convencido que vai honrar.

É algo que diz respeito à economia, às acessibilidades e à qualidade de vida das pessoas, algo que se fala há muito tempo e que se agora for cumprido será um marco para o concelho.

Para outros concelhos a questão das acessibilidades pode não ser importante mas para nós é. Apesar dessa dificuldade considero que somos dos concelhos que vai mexendo um pouco. Ainda há uns dias, num outro concelho alguém me dizia que na Pesqueira se vê, de facto, movimento e isso é verdade.

Entre os 19 autarcas da CIM Douro é o único independente. Este facto é uma vantagem ou uma desvantagem?

Colocando nos pratos da balança acredito que tenha mais vantagens, contudo tem também muitos contras.

Quando reivindicamos algo, se fossemos da cor do Governo que está em São Bento, talvez fosse melhor, mas é uma resposta difícil de dar.

Não considera que, pelo facto de ser independente, tem acesso mais dificultado a um ministro ou ao Primeiro-Ministro?

Não, isso não. Depois, se as coisas se concretizam ou não é outro assunto, algumas vão-se concretizando, as maiores estou à espera que se concretizem. Talvez no final do mandato possa dar uma resposta co mais certezas (risos).

As decisões que se tomam, quase nunca são do agrado unânime da população. É fácil viver com isso?

Sim, vivo muitíssimo bem porque nenhuma decisão é unânime. Há sempre quem pense diferente de nós por variadas razões.

As decisões que tomo são com consciência e são, no meu entender, as melhores. Não conviveria bem se as decisões tomadas fossem de ânimo leve, neste caso, estou sempre tranquilo e para responder a quem tiver duvidas.

Nunca tomo nenhuma decisão com o objetivo de prejudicar ou beneficiar alguém.

A lógica é sempre pensar no concelho, mesmo que tenha que desagradar a alguém que o apoiou?

Se calhar, muita gente que me apoiou fê-lo a pensar no seu benefício mas isso não aconteceu.

Desde que aqui cheguei já integramos mais de uma centena de pessoas no quadro, que antes estavam em regime de recibos verdes. Podia ter afastado essas pessoas para ir buscar apoiantes meus, mas isso não aconteceu porque quem cá estava mereceu o meu reconhecimento pelo trabalho desempenhado.

Antes da campanha eleitoral se iniciar algumas pessoas afirmavam que avançaria desta fez com apoio partidário, na sua cabeça isso chegou a ser hipótese em algum momento?

O que eu costumo dizer é que trabalharia com a mesma vontade e afinco se tivesse apoio partidário mas não, na minha cabeça nunca foi hipótese.

A sua eleição vem mostrar que no interior já não é só pelo partido que se ganham eleições?

Modéstia à parte acho que sim, tem a ver com a pessoa. Nesta última eleição, se eu fosse por um determinado partido as pessoas votariam ali por ser o Manuel Cordeiro, não por ser o partido A ou B.

Há sempre uma minoria que não pensa assim, para quem é o partido que interessa mas aqui na Pesqueira provou-se que não.

O que me importa é o meu concelho. Se pelo facto de estar filiado num partido tivesse mais hipóteses de conseguir esta ou aquela grande obra, então ia por esse partido, sem problema algum.

Aquilo que os pesqueirenses querem é que eu resolva os seus problemas, não lhes interessa se vou por algum partido ou como independente, sinceramente não considero que isso tenha peso.

Já falou na questão das acessibilidades, olhando agora para a saúde e a justiça no concelho, são áreas ainda com muitos défices no concelho?

No que respeita à justiça este Governo já fez alguma coisa. Na altura o PSD encerrou o nosso tribunal, algo que mudou já durante o meu mandato, com o atual Governo. Agora temos novamente julgamentos que se realizam aqui na Pesqueira, mas eu quero mais.

Nos próximos dias tenho agendada em Lisboa uma reunião com o Secretário de Estado da Justiça, Jorge Costa, exatamente porque quero aqui uma instância local, quero mesmo ter um juiz aqui, por uma questão de lógica, é um objetivo para este mandato.

Na saúde para já ainda só vamos com promessas, queremos a UCC e mais equipamentos no nosso centro.

Temos a vantagem de ter aqui serviços de saúde abertos até às 24 horas mas não é sequer uma urgência. Também entendo que não é possível ter um serviço de urgência em todos os sítios mas, se houver mais e melhores acessibilidades e equipamentos seria mais equilibrado.

Não podemos ficar satisfeitos com o 8 nem exigir o 80, é necessário um equilíbrio em prol do bem estar das pessoas.

Um quarto do tempo deste segundo mandato já passou. Continua um presidente motivado para o que aí vem?

Sim, muito motivado mesmo. Confesso que pensei que o segundo mandato fosse mais tranquilo porque já sabemos como tudo funciona, mas a exigência é cada vez maior.

Todos os dias atendo pessoas, não tenho um dia específico para receber os munícipes, e isso desgasta um pouco, mas gosto de o fazer, e quando assim é estamos motivados para continuar.

Considera-se mais um presidente de rua ou de gabinete?

De rua, sem dúvida alguma. Muitas vezes estou aqui no gabinete e tento despachar o que estou a fazer para tentar ainda ir ver uma ou outra obra que temos em andamento, exatamente para sentir as pessoas e para as ouvir.

Por vezes estou a almoçar ou jantar em família e vem alguém ter comigo para falar de uma situação, nunca os mando passar depois no gabinete, ouço sempre o que têm para me dizer.

Do primeiro para o segundo mandato manteve a equipa praticamente igual, são aqueles em quem confia?

Aquilo que dizia há quatro anos continuo a dizer agora, tenho uma equipa de quem tenho total lealdade, e isso não tem preço.

Mais do que o respeito pelo presidente, é o papel de amigo?

Sem dúvida absolutamente nenhuma. Tenho plena confiança que nenhum deles me quer passar a perna ou algo semelhante, e em cinco anos já o provaram diversas vezes.

Quando existe essa proximidade, exige-se ou tolera-se mais?

Acho que se exige mais. Ao ter essa proximidade e ao perceber que é importante aquele assunto, há mais tendência de exigir.

Se existe essa proximidade, as dores que eu tenho a outra pessoa também tem que as ter, portanto acho que a exigência é maior.

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