O Centro Interpretativo da Mulher Duriense (CIMD) em Armamar assinalou no passado dia 6 um ano de funcionamento. A celebrar este primeiro ano de existência o VivaDouro esteve à conversa com a vereadora Cláudia Damião para um balanço da atividade.
Um ano depois, que balanço faz a autarquia do CIMD?
É um balanço bonito, que corresponde às nossas expectativas. Sabíamos que este projeto seria uma pedrada no charco e que ia ter impacto nas pessoas.
Este Centro Interpretativo da Mulher Duriense é o único no país e sabíamos que os holofotes se iriam virar para nós.
Foi um ano muito bom porque para além de atrairmos para o município mais notoriedade, valorizando o território e os produtos que aqui temos, em simultâneo, através do papel da mulher nesta região.
Estamos cada vez mais preocupados com a inclusão, a oportunidade de igualdades e defender aqueles que não têm voz, é isso que procuramos fazer aqui.
Este projeto também nos trouxe muita satisfação porque o CIMD ficou instalado na nossa antiga Adega Cooperativa, permitindo assim uma oferta cultural com mais regularidade que não tínhamos no passado.
Há um ano, quando este projeto arrancou o município tinha objetivos definidos, passado este tempo, eles estão concretizados?
Sim. Desde logo porque atingimos os cinco mil visitantes. Por enquanto o acesso é gratuito, também como forma de promoção do espaço mas num futuro próximo irá ter um valor que ainda não está definido.
Estamos perante um espaço com muito conteúdo, com muita propriedade intelectual que deve ser preservada e esse valor a ser pago tem em vista essa função e investir em cultura.
Traduzindo por palavras, o que é que o visitante pode apreciar neste espaço?
Quem nos visita terá acesso a um conjunto de oito experiências sensoriais, imersivas, que reportam o visitante para um cenário de interpretação do papel da mulher na região.
A primeira experiência é uma espécie de questionamento, o visitante fica sobre um espelho com uma série de perguntas e expressões que nos levam a uma resposta na primeira pessoa.
Depois, num segundo momento há uma série de ecrãs onde podemos ver um conjunto de entrevistas feitas a mulheres do concelho e da região sobre o seu papel em diferentes momentos.
Num terceiro momento há umas telas com projeção vídeo onde saímos um pouco da esfera duriense e viajamos pelo mundo a explorar o papel da mulher em diferentes momentos de luta social na história.
Na quarta experiência temos uma mesa interativa onde pretendemos interligar este projeto ao mundo. É uma mesa com um mapa onde estão assinalados diversos pontos de interesse como casas abrigo, centros de documentação, associações, etc, tudo sobre a mulher e o seu papel e os direitos humanos.
A quinta experiência deste museu são quatro campânulas sonoras. São uma estrutura que nos permite entrar para ouvir musicas populares da região, histórias, lendas e lenga-lengas.
Uma experiência mais imersiva e sensorial é a black box, a sexta experiência. É um espaço completamente escuro que tem um conjunto de palavras destacando-se aquelas que ficam fluorescentes quando iluminadas com lanterna.
Em seguida o visitante por ver um conjunto de telas gigantes com mulheres que quisemos destacar, cada uma delas representando um aspeto essencial, são mulheres da região, mas também de Portugal e de todo o mundo.
Porque é uma adega e quisemos manter a identidade do espaço temos caixas da curiosidade dentro das cubas. O espaço está todo renovado mas tem esta ligação ao que foi, não nos conseguimos desligar a 100% do sitio onde estamos e da identidade do espaço. São caixas muito giras que retratam diferentes momentos, desde a cozinha, aos trabalhos agrícolas, passando pelas romarias, por exemplo.
Temos ainda uma outra mesa interativa, uma enciclopédia de mulheres, basta-nos selecionar uma letra do alfabeto e surgem os nomes das mulheres que se destacam, uma lista que vai sempre sendo atualizada.
Este conjunto de experiências podem ser fruídos de uma forma autónoma, mas também em formato de visita guiada ou com o apoio de uma aplicação que está disponível para download na entrada do Centro.
O sucesso deste espaço é bom para o município, mas também para toda a região, é verdadeira esta afirmação?
Sem dúvida. Desde logo porque é um projeto que teve o apoio de um conjunto de entidades de destaque como o TPN, a DRCN, o Museu do Douro, entre outros. Hoje em dias faz parte da Rede de Museus do Douro.
Não me atrevo a dizer que é um museu do território, mas claramente ultrapassa as fronteiras do nosso concelho, é um museu da região.
São projetos como este que vão ajudando a que as diferenças entre mulheres e homens se vá desvanecendo?
Claramente, é uma espécie de megafone para o mundo. Quem visita este espaço não sai daqui a mesma pessoa.
Por outro lado temos feito um papel no âmbito educativo e de intervenção sendo palco para diversas iniciativas com as escolas e associações que passam uma mensagem.
De algum modo isto vai mexendo, não é tão rápido como desejável, mas tem sido um trabalho interessante.
Na biblioteca que fica num espaço contíguo estamos também a criar um Fundo Documental específico sobre a mulher, os direitos humanos e as minorias. Um trabalho muito interessante feito em conjunto com a Comissão Para a Igualdade de Género.
Estamos a receber muita documentação de vários sítios para que investigadores e especialistas possam acorrer a este espaço.
Para finalizar pedimos que deixe um convite a todos aqueles que ainda não conhecem este espaço.
O CIMD é um espaço diferente, arrojado, muito moderno e que por si só é o suficiente para atrair os visitantes até Armamar, dando-lhes a possibilidade de complementar aquilo que até agora já era proporcionado, a paisagem, o património, as gentes, a gastronomia, os produtos endógenos, e muito mais.