O VivaDouro esteve à conversa com Carla Alves, Diretora Regional da Agricultura, que fez o balanço destes primeiros meses de trabalho.
Para iniciar esta conversa, pedíamos-lhe que fizesse uma balanço destes primeiros meses à frente da Direção Regional de Agricultura.
Em primeiro lugar, fiquei logo numa primeira fase sem diretores adjuntos e, portanto, foi um bocado mais duro o facto de não ter na direção mais gente para me apoiar, mas de qualquer forma fui muito bem recebida pela casa. É uma casa que tem quase 700 funcionários, mais propriamente 670. É uma casa que demora o seu tempo a conhecer. Nestes meses todos ainda não consegui ir a todo o lado. São 86 municípios, na maioria deles nós temos locais abertos ao público, portanto ainda não consegui ir a todos. A casa depois está dividida em seis delegações e facilita termos um delegado em cada uma dessas delegações que está dividida por áreas territoriais. De qualquer forma, tem sido uma experiência interessantíssima pelo facto de eu ter sido bem acolhida pelos funcionários, mas também pela diversidade de assuntos. O que noto nesta casa é que há uma diversidade enorme de trabalho, de assuntos muito díspares e o facto deste território ser tão diferente, faz com que assim seja. Depois, percebe-se que no dia a dia, conseguimos estar mais vezes com os diretores de serviço, com os chefes de divisão e com esta gente tenho feito tudo para conseguir com eles trabalhar. Temos uma casa numerosa e com muitos trabalhadores, toda esta orgânica da casa acho que está muito bem conseguida, tem 5 diretores de serviço e depois entre delegados e chefes de divisão são cerca de 20. Tem também o núcleo jurídico, outro núcleo que é o núcleo da RAN, que é a Reserva Agrícola Nacional, da qual sou presidente dessa reserva agrícola, do qual fazem parte 3 pessoas. Sou eu, mais uma pessoa que é indicada pela associação de municípios que é o presidente da Câmara de Ponte de Lima e mais um técnico da CCDR-n. Também era outra das funções que desconhecia, este trabalho da RAN, que está a ser um trabalho interessante. Nós reunimos quase semanalmente, com uma média de 40 processos por semana que temos que decidir e aí também temos uma boa equipa que está sediada em Braga, onde através de uma série de técnicos nos preparam todos os processos. É com os diretores de serviço, é com as reservas agrícolas e atualmente com os meus adjuntos que trabalhamos mais diariamente. Privilegio muito as reuniões, o contacto aqui dentro com chefias e fazemos muitas das vezes reuniões com as direções de serviço.
Outro dos trabalhos que eu tenho gostado muito de fazer, é também a representação da casa. Aprecio muito a proximidade com os agricultores, essa foi também sempre a minha vida, o contacto próximo e direto com os agricultores e em todas as minhas saídas, que foram muitas, por este Norte todo, privilegio muito isso. Tanto as relações institucionais, as associações de agricultores e as confederações de agricultores, como também com o próprio agricultor. Acho que aí tenho uma forma de lidar de grande proximidade, qualquer agricultor, que muitas vezes me aborda, esteja eu numa feira ou num evento, sobre alguma questão que o preocupa, sobre algum assunto que o preocupa em relação à nossa casa e ao nosso ministério, estou sempre disponível para ficar com o contacto, para ficar com o número do projeto e mais tarde ligar e responder à pessoa sobre o seu problema. De facto, sinto que deve ser assim essa postura, manter um bom diálogo, uma boa proximidade de maneira que as pessoas sintam que o diretor regional é alguém que está cá para os ajudar e não alguém com um estatuto que não os permita chegar. Assim faço, mesmo aqui na casa e seja as horas que estiver aqui, qualquer pessoa que queira vir falar comigo, sem ter hora marcada nem nada disso. Gosto desta forma de estar com os agricultores e quero que eles sintam que estou aqui para os ajudar e que a minha experiência ao longo de anos de contacto com eles, vale para que hoje tenha este tipo de postura que sempre tive e não quero alterar.
É claramente uma mulher do terreno. Gosta de ver o que se está a passar no município A e no município B, para ter um contacto mais direto e mais privilegiado com as pessoas, certo?
Certo, eu tenho tentado responder à grande maioria das solicitações quer para reuniões, quer para ir a seminários, ou congressos ou debates. Tudo isso, eu tenho tentado responder afirmativamente e é óbvio que isso pesa. Não são só fins de semana, são feriados, seja sair mais tarde, não é isso que me preocupa. Tenho feito um esforço para corresponder. Ainda para mais, este primeiro ano será um ano que daqui a algum tempo, em dezembro, podemos fazer o balanço e gostaria de chegar ao final do ano com uma visão global e ter ido e conhecido todos estes municípios. Faço muitas das vezes com as câmaras municipais uma boa relação, porque muitas delas e isso até me facilita, que é chamarem as suas organizações de agricultores do seu concelho e termos um dia dedicado a esse concelho em que ouço os seus problemas e debatemos todas essas questões com várias câmaras municipais que também as noto com uma melhor visão, se calhar do que tinham há alguns anos, porque se calhar há alguns anos o desenvolvimento rural não era encarado da forma que hoje encaram. Acho que hoje as câmaras municipais, depois de terem criado as infraestruturas necessárias, desde redes viárias, desde as escolas, elas hoje em dia preocupam-se com as questões económicas e com as questões sociais. E quando se fala em economia, grande parte dos nossos municípios daqui com os quais trabalho, são municípios que são fundamentalmente rurais e hoje têm mais uma visão de ajudar e apoiar a agricultura que não tinham há uns anos atrás e daí acho que o ministério da agricultura tem mesmo que ter este papel. Este papel de ligação com as autarquias, porque elas atualmente também estão ligadas às CIMS. É óbvio que, essas ligações com as CIMS têm que existir e devem existir e tenho tido também excelente ligação com as CIMS, mas estou certa que essa proximidade é muito importante porque hoje também as câmaras são as identidades que conseguem ter mais autonomia no terreno, essa autonomia permite-lhe fazer trabalhos que o ministério da agricultura sozinho não consegue e esta parceria quer com os municípios que com as CIMS é muito interessante. Tenho ao longo destes 8 meses privilegiado esse tipo de contactos, tenho-me prontificado sempre com as câmaras municipais a apoiar. Aqui, nesta casa, já recebi mais de duas dezenas de presidentes de câmara, além das visitas que tenho feito aos vários municípios.
O que é que mudou nestes 8 meses em que é responsável pela agricultura aqui no Norte na CIM Douro?
Com a CIM Douro nós temos tido aqui muitos contactos com presidentes de câmara. Penso que algumas das situações temos conseguido resolver, nomeadamente estou a pensar no caso de Moimenta da Beira com um projeto que vamos avançar agora em parceria para os regadios. A esse nível com vários presidentes da câmara da CIM Douro estamos a trabalhar para que seja realidade dentro de algum tempo, os projetos de barragens e regadios. Também a nível de outras câmaras municipais também da CIM Douro, estou aqui lembrar-me das questões das barragens e de São João da Pesqueira com a utilização de um pequeno espaço do ministério da agricultura para ali fazer uma promoção do vinho que é na nossa Quinta de Santa Bárbara, que era uma vontade do presidente da Câmara e que já conseguimos desbloquear.
Tirando a questão dos dois adjuntos, que outro tipo de desafios é que se deparou quando chegou aqui à direção regional?
Os desafios são muitos. Porque a casa no fundo é uma estrutura grande e percebi logo à partida que a quantidade de gente que tem muita idade é enorme. Nós estamos com uma média de 57 anos de idade dos nossos funcionários e estamos com cerca de 17% a 20% de reforma por ano e com estes números, daqui a 5 anos estarei com cerca de menos de metade dos funcionários e isso é uma preocupação, ver que vamos ter que reorganizar aqui serviços de alguns concelhos que ficam sem gente pelo menos a tempo inteiro. Esse é um grande problema, da falta de pessoal e de técnicos. Depois outro desafio que foi logo a partir do dia 3 de janeiro que tive, que foi a presença de uma bactéria da Xylella fastidiosa que foi uma análise positiva na zona de Vila Nova de Gaia, que nos obrigou a implementar um projeto de contingência. É um plano de contingência que obriga a trabalhos de intervenção no campo, também de sensibilização grande e até à data nós temos naquela zona 30 focos e tivemos de colocar nesse plano de contingência, reorganizar serviços levar para ali uma série de técnicos para nessa área fazer todo esse trabalho, porque nos importa neste momento travar o progresso da bactéria e enquanto estiver em meio bastante urbano é preferível do que chegar às vinhas ou ao olival. Esse foi um dos principais problemas. Depois perceber também o estado da casa dos recursos humanos bastante envelhecido e ainda o parque automóvel quase obsoleto e sobre isto, temos dois processos a decorrer na ESPAP e espero que ainda este ano receba 27 viaturas que tentamos através de dois processos, com alguma morosidade nestas questões pela quantidade de pareceres que necessitamos e por essa dependência. Sobretudo a questão da bactéria, que poderá ser um problema fitossanitário grave, ou pelo menos está a ser grave noutros países e esperamos que Portugal consiga travar o progresso dessas bactérias para zonas mais agrícolas. Esses foram os principais desafios, mas depois claro que sinto que a principal questão de trabalho nesta casa, é sem dúvida a questão da PDR (programa de desenvolvimento rural). De qualquer forma, os processos são todos eles muito complexos, a análise de projetos demora muito tempo. Hoje em dia nota-se muito cansaço dos técnicos, muitos deles estavam habituados a ser técnicos agrícolas e de campo, hoje são forçados a serem técnicos da casa, de computador e de gabinete. Tenho notado algum cansaço e a ideia agora é, com a minha vinda motivá-los. Tenho feito algum esforço por acatar muitos dos pedidos aqui da casa de transferência para mais perto do local de trabalho e acho que isso pode vir a ajudar a que eles estejam mais motivados. A ideia é essa, é também promover saídas de campo, que não existiam e que deve de existir. Estes técnicos também têm que ir para o campo, também têm que conhecer, têm que ir por exemplo a feiras, ou a seminários, é óbvio que um técnico destes, que está em análise de projetos também precisa de ter uma noção muito forte do que é realidade e aí acho que tenho dado essa viragem de melhorar aqui com eles da sua qualidade no trabalho, mas sem dúvida que esta questão do PDR é o nosso grande trabalho, é o grande motor desta casa.
A missão do diretor regional é fazer avançar este PDR, nós temos que ser céleres, temos que ajudar todas estas candidaturas, todos estes agricultores que vêm pedir apoio. Temos que saber controlar estes projetos, temos também muita gente no controle in loco, mas depois não podemos descurar aquilo que são outras atividades que sempre foram da casa. Atividades ligadas à agricultura, nomeadamente a nossa direção de serviços da agricultura, também o desenvolvimento rural, que é outra direção de serviços de desenvolvimento rural que aí também está muito ligada às questões de formação profissional. Como sabem hoje a obrigatoriedade dos cursos de condução e operação de máquinas agrícolas, que também é importante porque todas estas questões que vemos quase semanalmente de acidentes de trator, temos que inverter estes números e, portanto, esta obrigatoriedades destes cursos de segurança de condução de máquinas agrícolas são fundamentais e é também a direção regional que faz a delegação e faz a avaliação destes cursos, também os de aplicadores de fitofármacos, que continuamos a realizar e a ser responsáveis e esta é também uma questão muito importante até pelas questões ambientais. Depois, temos ainda que trabalhar com as organizações de agricultores e esse é um desafio meu, colocar a direção de serviços mais próxima dessas organizações, porque depois começa a ficar tudo muito burocrático porque a área é muito grande. A nível agrícola a minha vontade é ter uma direção de serviços forte porque me parece que tem que ser o nosso grande trabalho, um apoio efetivo. Quando se fala agora nas questões de fitossanidade, esse é o desafio de futuro, termos diferentes focos de doenças e pragas espalhados pelo território. Estou certa que aí o papel das direções regionais deve ser preponderante e de apoio direto aos agricultores. Com esta CIM Douro também já conseguimos fazer um protocolo de colaboração com a colocação, nos 19 concelhos, de uma estação meteorológica, acrescentando às 10 ou 11 que a direção regional já tinha, portanto estamos a falar de cerca de 30 estações meteorológicas no Douro. Isso é de extrema importância porque conseguimos obter dados muito concretos para que as circulares que colocamos cá fora sejam também muito precisas.
Há sensibilidade do ministério para perceber isto?
Em relação ao parque automóvel sim, já temos luz verde para avançar com a aquisição de novas viaturas em sistema AOV (aluguer), já temos o parecer favorável dos ministérios das finanças, agricultura e mar. É um processo lento mas que está em andamento.
Quanto aos recursos humanos, com o tempo não vamos precisar de tanta gente, por exemplo, esta direção regional tem 2 oficinas, uma em Mirandela outra em Braga com diversos funcionários alocados. Estas são estruturas com tendência a desaparecer, deixam de fazer sentido porque deixamos de adquirir as viaturas, são alugadas já com contrato de assistência. Acredito que somos capazes de continuar a fazer um bom trabalho com menos gente, temos muitos serviços descentralizados, nos municípios por exemplo, pessoal que podemos gerir de uma melhor forma para tirar mais rendimento. Isto é um trabalho que pode e deve ser coordenado com as autarquias de forma a escolher o melhor dia para estarmos presentes para atender os agricultores, deixamos de ter que estar abertos todos os dias mas estamos presentes sempre que é necessário. Portanto, não vamos contratar gente ao ritmo que estamos a perder, isso não, mas há áreas em que temos que apostar como a questão dos inspetores fitossanitários, aí vamos ter que ganhar gente forçosamente porque há cada vez mais problemas. Há também a questão dos licenciamentos que alguns vão passar para as autarquias o que nos retira algum trabalho. Antes de eu chegar a direção regional conseguiu encaixar 39 técnicos superiores, o que para a casa foi muito importante, sobretudo no setor do investimento e do controle, que é exatamente tudo o que gira à volta do PDR.
Passando agora para a agricultura diretamente, no Douro quando falamos neste setor automaticamente nos lembramos do vinho mas há outros produtos igualmente importantes na região como os frutos secos, a maçã e o azeite. O que falta a estes produtos para atingirem o patamar dos vinhos?
Eu acho que não lhes falta nada, estamos a falar de produtos de grande qualidade, são produtos âncora que, juntamente com o vinho, representam o Douro. É fantástico perceber o aumento de produção que estes produtos tiveram e os projetos que têm sido submetidos nesta área.
No caso da maçã o Douro tem duas denominações de origem, a Bravo de Esmolfe e a Maçã da Beira Alta e tem sabido, tecnicamente apurar a cultura da maçã. Hoje em dia vamos a Moimenta de Beira ou Armamar e vemos a quantidade e qualidade de pomares que ali existem. Neste momento aquilo que falta prende-se com a organização dos produtores. Já recebemos aqui alguns dos principais atores ligados à maçã, cooperativas e empresas, que se querem juntar naquilo a que vão chamar Beira Douro Fruits que será uma estrutura da organização da produção forte e que tem já algumas preocupações, desde logo a questão de chegarem a um preço tabelado, mas também o terem escala para exportação e a apresentação de projetos. Por exemplo para a cobertura dos pomares que ganha importância com as alterações climáticas que provocam cada vez mais episódios de granizo. Produz-se ali cerca de 40% da maçã a nível nacional e é absolutamente necessário apoiar aquela produção também na questão da água por exemplo. O Douro tem excelentes exemplos na questão da gestão da água como é o caso de Temilobos mas mesmo com o uso eficiente ela não chega. Estou certa que muitos dos projetos que temos pensados e que irão avançar são essenciais nesta questão como o caso de Moimenta da Beira que já está na fase de elaboração do contrato de parceria entre nós e a autarquia. Há também a questão de Lamego que pretende reforçar a barragem de Pretarouca, aumentando a quantidade de reserva de água, por exemplo.
A castanha é um produto já bem valorizado, que é todo escoado e a um bom preço. Há uma grande cooperativa em Penedono que faz um grande trabalho que ajuda à valorização e ao escoamento da castanha. Hoje em dia o que nos preocupa na castanha é o problema da saúde dos castanheiros onde temos problemas com o cancro ou a tinta, e que persistem mas, mais recentemente a vespa da galha dos castanheiros que irá levar a quebras enormes na produção e o que nós sabemos é que não há nenhum tratamento fitossanitário, há apenas uma luta biológica que não se faz de forma tão célere como desejaríamos, ela arrasta-se por vários anos. Temos atualmente a decorrer uma medida que dá apoio a esta luta. Aqui temos um grupo de trabalho muito preocupado com esta questão, que engloba também a Direção Geral de Veterinária e a RefCast, e que tem um plano para este combate. Temos abertas, até ao final de setembro, candidaturas para que possamos apoiar nesta luta.
Quanto aos vinhos parece-me que estamos no caminho certo que é o da reconversão da vinha, não nos podemos esquecer que há aqui a chancela da UNESCO o que nos obriga a uma série de cuidados nas intervenções. Hoje em dia preservar aquela paisagem e torna-la rentável é um desafio, conseguir esta conjugação não é fácil. O que se nota é que os vinhos Douro estão hoje com uma enorme pujança mas o Vinho do Porto terá que ter uma atenção especial no que toca à sua valorização, à sua promoção. Do meu ponto de vista ele não deve ser um produto para toda a gente, para todas as bolsas, tem que ser mais valorizado, o seu crescimento não deve ser em quantidade mas em valor, não podemos continuar a ver nas prateleiras dos supermercados Vinhos do Porto ao preço que vemos, só prejudica na imagem do produto, e isto tem que ser uma estratégia nacional, temos todos que perceber que isto é nosso património. Nos vinhos do Douro a situação já é diferente, já são vinhos bem valorizados. Há também a zona do Varosa que tem dado cartas no setor dos espumantes com grandes marcas, são verdadeiros casos de sucesso. Depois há ainda a questão do enoturismo, muito ligada ao vinho e que tem tido um papel fundamental na comercialização do produto, há quintas em que a venda direta representa uma boa fatia das suas vendas.
No Douro temos também algumas produções de nicho como é o caso da cereja em Lamego que já tem alguma representatividade mas uma outra muito específica que é questão da baga de sabugueiro, em Tarouca e Armamar. Existe já um entreposto grande para este produto que antigamente era vendido em seco e hoje já é vendido em fresco, só no ano passado foram produzidas mais de 800 toneladas de baga que tem como um dos principais mercados a Alemanha.
Uma das questões que mais preocupa os agricultores da região são os temporais que ciclicamente vão destruindo culturas. Sabendo que não os conseguimos prever com precisão, pergunto-lhe de que forma é que nos podemos preparar para este tipo de situações?
Estas situações têm muito a ver com a questão dos seguros. A esse nível tem havido um grande esforço do Ministério da Agricultura para subvencionar os seguros de colheita, os da vinha tem sido mais fácil e grande parte dos produtores já têm seguro até porque muitos deles estão em cooperativas que elas próprias avançam com os seguros, algo que também já vai acontecendo na maçã. O que me parece mais difícil é que o pequeno produtor, isoladamente, faça um seguro. Acho que também há pouca divulgação para que as pessoas entendam que não é algo que fique muito dispendioso até porque há um apoio do Estado, por isso acho que o que temos de fazer é divulgar cada vez mais esta medida, até porque há outra questão, o facto de terem seguros é mais um fator de valorização quando são apresentadas candidaturas ao PDR, é compensador. No caso dos pomares há a questão da utilização de redes protetoras que são muito úteis em especial nos casos de granizo. Fora isso o que podemos fazer é apoio técnico e financeiro para o tratamento imediatamente a seguir a uma situação destas, minimizando desta forma as perdas.
Como diretora regional, o que tem na sua cabeça que gostaria de concretizar nos próximos dois anos, por exemplo?
No fundo era dar cada vez mais e melhor apoio técnico aos agricultores, sentirmos que estamos no campo e que os conseguimos apoiar, sobretudo no que diz respeito aos problemas fitossanitários e que atualmente são uma grande preocupação. Depois gostaríamos de ajudar na valorização dos produtos da região, contribuir para que os produtores vejam o seu produto ser pago a melhor preço. Gostava também de fixar mais gente na agricultura, essencialmente jovens, era fundamental que isso acontecesse para garantir o futuro deste setor, e para isso há diversas medidas em vigor neste momento. Para finalizar gostaria também de conseguir a DOP do azeite para o Douro, acho que seria essencial para o desenvolvimento deste produto.
Vamos ter um festival e vinho em Moncorvo, festa das vindimas em Tabuaço e Sabrosa e ainda a Vindouro em São João da Pesqueira, vai estar presente em alguma delas?
Sim, estarei já na inauguração da Vindouro e estou sempre disponível para aceitar todos os convites que me façam até porque me permite estar em contacto direto com os agricultores.

