Reitor da UTAD faz, ao VivaDouro, balanço dos últimos oito anos à frente da instituição.

Que balanço faz destes dois mandatos como reitor da UTAD?
O balanço pode-se fazer com duas ou três notas. Primeira, a maior visibilidade que a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro tem. Esta instituição é presentemente reconhecida não só na cidade e na região, como em todo o país. E há indicadores que o sustentam, nomeadamente o aumento de alunos que temos registado desde 2013... Neste momento temos 98% de alunos colocados no concurso nacional de acesso em que a grande maioria, mais de 80%, são alunos de primeira opção.
Segunda nota a referir, o aumento da visibilidade da investigação. Há um aumento da produtividade científica – já demonstrado em diferentes rankings, nomeadamente o de Shangai. O financiamento da FCT que recebemos em 2020 é igual ao total dos últimos cinco anos, portanto aumentamos cinco vezes o montante de financiamento base da FCT. Por outro lado a UTAD foi a instituição portuguesa que mais cresceu na atração de fundos comunitários, seja pelo montante, seja pela diversidade. E a prova dessa visibilidade vê-se na própria dependência do Orçamento de Estado. O nosso orçamento para 2021 é de 64 milhões de euros, do Estado iremos receber apenas 55% desse valor. Antes a nossa dependência da transferência do Orçamento de Estado era entre os 80 e os 90%.
Portanto, passamos para um patamar em que a instituição está muito mais competitiva. A visibilidade conseguida motivou os resultados do ponto de vista do ensino, do número de alunos, da investigação e da atratividade de fundos. Importa ainda referir que parte dos fundos conseguidos resulta do trabalho com as empresas da região (que têm interesse nesta aproximação para a captação do capital humano aqui formado) gerando um efeito “spillover” em toda a região.
Em 2013, quando chega à UTAD, o que é que o assustou mais no cenário que tinha à sua frente?
Eu tinha um diagnóstico muito claro da instituição porque estou cá desde 1980. Durante o meu percurso universitário desempenhei funções que me permitiram conhecer todo o funcionamento da instituição (desde Diretor de Curso, Diretor de Departamento, Presidente de Escola e membro da Equipa Reitoral). Já percebia os diferentes níveis de governação, conhecia as pessoas e, por isso, percebi que havia défices de comunicação. A Universidade fazia muita coisa bem mas comunicava mal com o exterior.
Era importante que a Universidade se abrisse aos diferentes níveis da sociedade, não só à região, mas percebendo que o mundo passa por grandes desafios... E esses grandes desafios são a alteração do conhecimento (que é cada vez mais global), a alteração e a transformação das instituições (que têm que ser cada vez mais abertas, quer no trabalho que fazem no seu interior, bem como para o exterior) e ainda o desafio dos cidadãos e a sua transformação, pois pessoas querem estar envolvidas na solução e cada vez aceitam menos soluções “topdown”.
Era preciso que a Universidade trabalhasse nestas dimensões. E assim foi! Ou seja, a universidade está agora mais preparada para os desafios globais, quando era uma instituição mais fechada, mais dependente do Orçamento de Estado.
Hoje afirmo que a UTAD está muito mais conectada e que as redes são fundamentais para a atração de receitas.

Estes oito anos certamente tiveram momentos difíceis e momentos de maior satisfação. Consegue apontar um ou dois exemplos em cada sentido?
No ano em que assumi a reitoria, tínhamos a Troika em Portugal e os cortes no orçamento desse ano foram enormes. De 2010 a 2013 houve uma inadmissível diminuição do Orçamento de Estado às instituições e fortes restrições – nomeadamente o estarmos impedidos de contratar pessoas e de as valorizar. Foi um momento difícil, particularmente difícil... E em momentos difíceis é preciso ter a disciplina e o rigor de tomar decisões difíceis.
Já na parte final do mandato surge a Covid-19. Em março fechámos a instituição e centrámos o nosso foco no apoio à região. Cedemos diverso material ao Centro Hospitalar da região. No auge da infeção criámos um Centro de Acolhimento Temporário para apoiar as situações que surgiam nos lares de idosos. Fomos pioneiros na criação de um Centro de Testagem e Diagnóstico que capacitou a UTAD das ferramentas necessárias para apoiar a bateria de testes que foi feita à população. Ainda hoje, no dia em que fazemos esta entrevista, estamos a iniciar uma nova campanha de testagem nos funcionários dos lares. Vamos fazer a recolha de amostras dos funcionários (através do protocolo com o Ministério do Trabalho) e depois as respetivas análises serão efetuadas no Centro de Testagem. Centro esse que, ainda agora, ganhou um projeto para ampliar as suas instalações.
Quanto aos momentos mais positivos, considero que o mais importante é que em cada dia temos o sentimento de dever cumprido. Aquilo a que nos propusemos (quer no primeiro Plano Estratégico, quer no segundo) está cumprido.
No primeiro Plano Estratégico, lançamos o conceito de ECO universidade. Na altura não foi muito bem entendido mas hoje chega-se à conclusão que todas as instituições estão a alinhar para isso. Fizemos, por exemplo, um roteiro do ambiente. Um compromisso com o ambiente, concentrando desde logo toda a atividade no Campus. Porquê? Porque diminuímos a pegada ecológica. Os edifícios foram recuperados de um ponto de vista sustentável, utilizando materiais usados ou amigos do ambiente. Além da questão do orçamento...
Depois criamos um segundo roteiro, centrado na transição energética. Neste momento a UTAD é um exemplo! Foram retiradas todas as coberturas com base em amianto (sendo que estamos a falar de 35 mil metros quadrados) e mudamos todo o sistema de iluminação…
Esses investimentos foram todos suportados pela UTAD?
Ao todo foram três milhões pelo POSEUR, mas essas verbas estão disponíveis para todas as universidades. E não há nenhuma universidade no país que tenha tido um projeto integrado como este.
A mudança no sistema de iluminação – que passou do sistema convencional para o sistema led –, a instalação de 900 painéis fotovoltaicos ou até na climatização, sendo que passamos a usar a biomassa (resíduos) em vez do gás.
Mas a boa gestão dos recursos também se avaliar, por exemplo, pelos sensores de água nas casas de banho, que foram todos alterados. Quanto à questão do uso de materiais, estamos a utilizar o asfalto que é retirado de certos locais e é restruturado e reaproveitado para os passeios. Os próprios passeios antigos também são reaproveitados para fazer areia (que serve de base de suporte aos novos materiais). Há economia circular em tudo o que fazemos! Temos ainda um plano de gestão de resíduos e uma campanha de combate ao plástico.
A questão da mobilidade também nos preocupa. Estamos a retirar áreas de estacionamento e a devolver o campus à universidade e à cidade. É um projeto único que inclui 10 kms. de passeios requalificados, 7 kms. de ciclovia no interior do campus (que vai ter uma conectividade direta com o centro da cidade). Isto significa que o uso do automóvel vai diminuir e vão ser privilegiados os meios que são amigos do ambiente... Desde logo o andar a pé e promover o uso da bicicleta e outros meios que consumam menos carbono.
É um projeto que vai trazer uma maior interligação entre as pessoas dentro do campus. As pessoas conhecem-se, falam-se, encontram-se, passeiam e fazem a sua atividade. Vai ser um exemplo a nível nacional – até porque é o único que está certificado a nível internacional, sendo portanto um Eco Campus.
Outra questão é aumentar a área verde. Estamos a aumentar a capacidade nos jardins e a biodiversidade. Isto vai de encontro ao que referi anteriormente... A Universidade está mais aberta, a Universidade é um local e um parque que as pessoas podem usufruir, por exemplo, ao fim de semana. Um local onde podem praticar atividade desportiva, onde podem ir passear e que se sintam bem. E não apenas um parque de estacionamento. Diria até que passará a ser um dos pulmões da cidade! E isto é um sinal claro de abertura.
E, estas foram as questões-bandeira que cumprimos.
Como elencou, levou a cabo, ao longo destes anos, uma série de alterações profundas na universidade. E muitas dessas alterações, como referiu, ligadas ao ambiente e à tecnologia... É esta a resposta que a universidade quer dar para o futuro?
O futuro passa por mais sustentabilidade e isso passa pelas dimensões ambiental, social e financeira.
Agora somos uma universidade menos dependente do Orçamento de Estado e mais competitiva, mais aberta e que tem mais visibilidade. Tal significa confiança para as pessoas e para os empresários, sejam portugueses ou externos.
A Universidade tem que ser mais amiga das pessoas. Quando tendemos para uma época em que existe a desconfiança que os seres humanos sejam substituídos por máquinas, as relações humanas começam a ser cada vez mais importantes e os papel das ciências humanas e sociais ganha mais dignidade.
Não podemos conhecer as pessoas pelo endereço de email ou pelo número de telemóvel! Mas conhecer as pessoas na verdadeira aceção da palavra – com um campus mais próximo, onde as pessoas se mobilizam, se encontram e se conhecem... e isto gera mais humanidade à organização.
Voltando a resposta anterior... Estivemos impedidos de valorizar as pessoas pelo mérito de renovar, que é um dos maiores problemas das universidades. A média de idades é muito elevada, acima dos 55 anos. Neste momento essa valorização já é possível e estamos a fazê-lo. Com critérios e com base no mérito.
Estamos também empenhados em cativar mais jovens. O país está muito mais qualificado mas há um “parque de estacionamento” de jovens no mercado de trabalho à espera de uma oportunidade. E temos que motivá-los. Para isso tem que existir cultura e valores numa instituição.
Não nos devemos deixar “apagar” pelos problemas da digitalização e da “virtualização” da vida. Neste “mundo das máquinas” o papel das ciências humanas e sociais é absolutamente fundamental.
Já falou no prestígio alcançado pela UTAD... Foi também que esse prestígio que o fez chegar a Presidente do CRUP?
É exceção ser um reitor de uma Universidade de menor dimensão e ser Presidente do Conselho de Reitores. Isso significa não só prestígio, mas também a importância das instituições localizadas no interior e é um sinal claro de reconhecimento que o sistema científico português e que a rede científica de instituições não está sobrelotada.
A prova disso é que, até agora, se dividia a Europa na Europa do Norte (dos ricos e dos organizados) e na Europa do Sul (dos que contribuem para o défice). Hoje a Europa divide-se na Europa das regiões que estão com conhecimento... E das regiões que estão fora do conhecimento.
Acho que as regiões que estão “fora do conhecimento” levam a movimentos populistas. Veja-se o caso dos coletes amarelos em França ou do BREXIT. Estar de “fora do conhecimento” leva a movimentos populistas que, de todo, se desejam evitáveis na Europa. E essa é uma das questões cívicas que mais me move: aumentar a coesão da Europa das regiões.
Se não fosse o conhecimento não teríamos dado uma resposta tão forte à Covid. Se não existissem os centros de testagem (deslocados no país) não seria a centralização entre Porto e Lisboa que iria resolver o problema das populações que estavam isoladas. Considero que o futuro passa por aquilo que foi em tempos a grande preocupação do país: a conectividade infraestrutural, as ditas “autoestradas”.
Desta vez é tempo de capacitar o interior de um conhecimento mais científico, mais formação, mas também maior conectividade digital. E não podemos passar ao lado de tal.
E isso pode passar por responder a um desafio que ainda recentemente o Ministro da Ciência e do Ensino Superior deixou?... Não o disse diretamente, mas deixou no ar a criação de um Curso de Medicina na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro?
O Ministro reconhece que a UTAD tem, dentro das suas competências, áreas de conhecimento em que marca a diferença.
Hoje, na medicina mundial, há uma nova área onde temos de ir mais além no conhecimento. 25% das doenças do Ser Humano são de origem ambiental. E é preciso perceber que a Covid é a primeira de uma série de doenças que poderá surgir da interação entre o animal e o homem. Hoje o conceito de saúde tem que ser visto à luz dos tempos modernos de “one health”, ou seja, um conceito de uma só saúde.
As alterações que estamos a provocar e as agressões que estamos a fazer ao planeta causam alterações nos animais e nas plantas, podendo ter efeitos nefastos no homem. Portanto, o conceito de saúde tem de ser testado de uma forma integrada.
A UTAD já estuda as questões ambientais e as questões das alterações ao nível das plantas e dos animais... Falta “ver” a interação com o Homem. Esta é uma nova área multidisciplinar do conhecimento que todos os países têm de investigar. A Europa estava muito mais ligada a doenças neurodegenerativas do ponto de vista oncológico, mas há aqui uma nova área do conhecimento que é preciso estudar. Se olharem para o diagnóstico que está a ser preparado, para a região Norte, nota-se que no Norte interior (terras de Trás-os-Montes, do Tâmega e do Douro) existe um défice de infraestruturas de saúde. Se quisermos atrair profissionais para capacitar essas infraestruturas, temos que os ter cá!
Há gente suficiente para termos aqui um grande hospital (como o de São João) no Douro ou em Trás-os-Montes. Há essa capacidade?
Ele já existe! O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro. Tem o centro em Vila Real, em Lamego e em Chaves. O que necessita não é só da requalificação das infraestruturas, mas de profissionais.
A carência é essa?
De profissionais. E por outro lado, existe um hospital em Bragança com uma grande capacidade instalada (além das unidades locais de saúde). Portanto, do ponto de vista das infraestruturas, é preciso capacitá-las! Mas, essencialmente, fixar quadros! Porque um dos maiores problemas do interior é a fixação de massa crítica. E, por isso, só o conhecimento é que atrai...
Reparem na revolução do Douro. Nasceu com um forte investimento público (que foi o Plano de Desenvolvimento Rural de Trás-os-Montes) e, depois, o investimento da UTAD em conhecimento – não só do ponto de vista da investigação, mas de uma nova geração de enólogos que revolucionou o Douro.
Se quisermos ter um Norte mais coeso, e não a duas velocidades, temos que apostar no conhecimento cientifico (não só em Vila Real, como em Bragança). É evidente que também no território poderão existir formações curtas, mas com base nestes dois polos de conhecimento. É preciso aumentar a base de conhecimento e inovação na região se quisermos alavancar o crescimento. O Norte converge com Portugal mas distancia-se da União Europeia, mesmo com os fundos comunitários.
A recuperação económica que aconteceu nos últimos tempos (no Norte), antes do Covid, advém de três áreas geográficas: a área metropolitana do Porto, a zona do Cávado e do Ave e ainda o Alto Minho. Por outro lado, com maiores dificuldades em alavancar, encontramos principalmente o Tâmega, o Douro e Trás-os-Montes. Portanto, aqui, é preciso apostar no conhecimento.
Sustenta ainda mais a ideia que trouxe para o cargo de reitor de que o conhecimento das universidades pode (e deve!) ser a alavanca e o motor de fixação de pessoas em regiões como esta?
Se olharmos para os últimos 10 anos, os movimentos que causam preocupação e que põem em causa a coesão europeia são movimentos populistas, provocados por pessoas que estão em zonas afastadas do conhecimento, mais conservadores... E isso é um problema que põe em causa a própria sobrevivência da Europa. O futuro passa por aumentar conhecimento. Não só aumentar a formação das pessoas, mas dar mais formação.
Quando se fala do conhecimento no interior, o que aqui está instalado é o setor primário. Portanto, temos uma economia com base no setor primário e na Administração Pública. A perda de algumas instituições da Administração Pública – refiro-me ao encerramento de tribunais ou de serviços de finanças – vai diminuir e esvaziar ainda mais o interior.
Quando defendo que é importante dar mais valor ao interior com o conhecimento, refiro-me a como é que nós, com a matéria prima de qualidade que temos, podemos aumentar o valor acrescentado!
Ou seja... Não vender a matéria-prima em bruto, mas vender já transformada. É preciso trazer mais conhecimento e mais indústrias transformadoras que tragam um aumento no rendimento das populações, fixando empresas. Nunca esquecendo as questões das tecnologias! Tudo passa pela tecnologia!...
Portanto, o mais importante é aumentar a capacidade de conectividade digital no futuro no interior.

Esta entrevista está a ser feita em plena segunda fase da pandemia Covid-19. Como é que a universidade se tem adaptado a esta nova realidade? E se amanhã houver um surto “qualquer”, há já algum plano para isso?
As instituições têm-se adaptado às realidades de uma forma crescente. Ou seja, de início a principal resposta da Universidade apontava no sentido de assegurar o ensino à distância e, em paralelo, apoiar a região.
Agora importa ver como é que depois do desconfinamento mantivemos o ensino presencial. Houve uma alteração de comportamentos... Os próprios funcionários adaptaram-se a um funcionamento misto, à distância e em teletrabalho. No caso dos estudantes há turmas que param e passam para a distância, consoante vão surgindo casos ou não.
Portanto... Estão a aparecer casos positivos mas estão a ser dadas respostas. Até ao momento houve um sinal de estabilidade – quer do ensino, quer do ponto de vista da resposta da instituição às outras partes. Não estamos a abrandar o ritmo de funcionamento.
Não parou nada por causa da Covid?
É evidente que o momento da adaptação causa atrasos no sistema. É evidente...
Do ponto de vista do abandono escolar não temos um aumento assustador. Nem por razões económicas... Em março lançámos um sistema (o “UTAD + Contigo”) e verificou-se que o grande problema dos estudantes não eram as razões económicas, até porque criámos um Fundo de Emergência Social... Mas o grande problema foi a falta de equipamentos informáticos nos locais de onde os estudantes eram provenientes. Ou a falta de rede [de Internet]. E isso são problemas de outra dimensão que a Universidade não pode resolver na globalidade.
Dizia-nos, em entrevista que nos concedeu há três ou quatro anos, que um dos grandes problemas que sentia na universidade era a questão do alojamento dos estudantes. Como é que está a situação dos alunos que vêm de fora do concelho? E, sobretudo, do distrito?
Do ponto de vista da capacidade instalada na Universidade está absolutamente igual, sendo que a oferta é menor por parte da UTAD (uma vez que tivemos de adaptar as instalações devido à Covid, havendo uma diminuição de oferta de 30%).
A UTAD neste momento tem projetos que estão preparados para o próximo Quadro Comunitário e para a famosa “bazuca”. Defendemos que no Plano de Recuperação e Resiliência existiam meios financeiros para a construção de residências. No nosso caso era a adaptação de espaços, nomeadamente no CIFOP, e aumentar a capacidade das próprias residências.
O município é sensível a essa dificuldade?
O Município é sensível mas também não tem instrumentos. Neste momento a maior oportunidade que temos é com o Quadro Comunitário, que ainda demora...
Valeria a pena que o Estado permitisse que a parte residencial pudesse ser financiada pela requalificação dos espaços para a área residencial, podendo ser financiada por fundos do Plano de Recuperação e Resiliência. Ou, então, do Portugal 2030. Isso é absolutamente determinante.
Por outro lado, como estamos a falar em recuperação e capacitação de espaços, tal iria dinamizar a própria economia local – uma vez que a UTAD, nos últimos anos, tem privilegiado muito as empresas locais em todas estas atividades de requalificação que desenvolve.
Falando do futuro... Há um legado de oito anos e este legado vai ser ocupado por alguém que virá daqui a um/dois meses... Não o preocupa quem o vai substituir?
Julgo que há dinâmicas que são irreversíveis. É fundamental manter a visibilidade e a notoriedade que a Universidade tem, assim como a dinâmica sustentada de crescimento de alunos.
Por outro lado, o novo modelo orgânico de funcionamento da Universidade é um modelo que é inovador e que vai ter efeitos a médio prazo. Mas que tem que ter continuidade.
A política ambiental é inexorável. A sustentabilidade, como fator para a atratividade, é um dos fatores de competitividade na atração de alunos.
Estes são caminhos que, qualquer que seja a solução que a se venha a escolher, aos quais a universidade deve dar continuidade.
Em termos de nomes, há alguém que no seu entender esteja mais bem preparado para tal?
Eu acho que a Universidade é que tem de escolher.
A universidade terminou um processo eleitoral para a escolha do Conselho Geral. Existiram quatro listas... O que significa que há uma grande mobilização da academia no debate de ideias. A academia está a crescer e estou certo de que vão aparecer vários candidatos, com diferentes programas, e que irão dar continuidade a este trabalho. O trabalho que é a UTAD e é a Região.
O reitor deve saber transferir os poderes de forma a aceitar a decisão da Universidade, do atual Conselho Geral eleito, participar nessa mudança com serenidade e responsabilidade. Saber sair é tão importante como saber entrar.
Um conselho que queira dar ao próximo Reitor da UTAD?
Que tenha orgulho em ser Reitor da UTAD, como eu tive! Somos uma instituição, localizada no interior, a mostrar que é possível ir mais longe. E que essa visibilidade não seja apenas a nível nacional, mas também a internacional!