“Faço parte de um dos governos centralistas que este país já teve”, foi com estas palavras que Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial assumiu a sua “derrota”, “numa batalha sem exército”.

As declarações da ministra foram feitas no encerramento da cerimónia de lançamento das comemorações dos 20 anos do Alto Douro Vinhateiro – Património Mundial, no Teatro Ribeiro Conceição, em Lamego, que aplaudiu a governante quando afirmou que “basta pensar que o Instituto da Vinha e do Vinho tem sede em Lisboa, não há nada mais anacrónico. Confesso a minha derrota”.
De acordo com Ana Abrunhosa, António Costa reconhece o centralismo do seu governo, que nas palavras da ministra “se acentuou com a pandemia, inevitavelmente”.
“Tenho levado esta missão (da valorização do interior), com grande orgulho. Tenho tido algumas vitórias mas também algumas derrotas. Travei esta batalha de dois anos, no Governo, sem exército, não tenho medo de o dizer. O meu exército estava no território e sempre que precisava de ganhar forças vinha ao terreno”.
Para a ministra, “o que o Douro, e o território, tem que reclamar é um Governo menos centralista, e que no Conselho de Ministros tenhamos mais país, mais território. Precisamos de mais pessoas que representem os problemas do Douro, do nosso interior, no nosso Governo. Depois, as decisões que saiam deste órgão terão em conta as especificidades de cada território. Não podemos continuar a ver o país com as lentes de Lisboa. Eu digo isto muitas vezes para ver se me ouvem.
Façam ouvir a vossa voz, estamos muito caladinhos no resto do país, reivindiquem aquilo que é necessário para os territórios”.
Olhando para trás, “cinco anos”, Ana Abrunhosa afirma que “houve grandes mudanças no território mas elas não foram certamente todas positivas, mas o saldo final é positivo”.