Educação Reportagem

Alunos do ensino básico com melhores resultados que os do secundário

Foi divulgado no final do mês de junho o ranking das escolas nacionais, feito com base nas notas dos exames de 2019.

O ranking das escolas do ensino secundário tem um total de 629 instituições sendo que as da região aparecem, na sua esmagado­ra maioria, na metade inferior da tabela, apenas a Escola Básica e Secundária de S. João da Pesqueira supera essa linha conse­guindo alcançar o lugar número 303, com uma média de notas de exame de 10,44 valores, sendo que a média nacional se ci­frou nos 10,53.

Nesta tabela o pódio é ainda composto pela Escola Básica e Secundária Tenente Coronel Adão Carrapatoso, em Vila Nova de Foz Côa, no lugar 344 com uma mé­dia de 10,31 valores e o Colégio Nossa Senhora da Boavista, uma das duas insti­tuições privadas da região neste ranking, que ocupa a posição 350 com uma mé­dia de 10,27 valores.

Olhando para as notas, das 20 escolas da região, 13 apresentam uma classificação positiva (acima de 9,50 valores).

Entre os estabelecimentos de ensino com piores médias na região estão a Escola Básica e Secundária de Murça (posição 593 com 8,49 valores), a Escola Básica e Secundária de Carrazeda de An­siães (posição 612 com 8,08 valores) e a Escola Básica e Secundária Prof. António da Natividade, em Mesão Frio (posição 619 com 7,51 valores).

Escolas da região nos TOP’s por disciplina

Das oito disciplinas com maior número de exames realizados, em três é possív­el encontrar escolas da região entre as melhores: a Escola Básica e Secundária Abel Botelho (Tabuaço) ocupa a 27ª posição no exame de História A com 12,84 valores; com 14,39 valores no exame de Matemática A encontramos a Escola Básica e Secundária de São João da Pesqueira, na 37ª posição; no exame de Português surgem duas escolas da região, a Escola Básica e Secundária de São João da Pesqueira na 31ª posição com 13,99 valores e a Escola Secundária Latino Coelho, em Lamego, na 39ª posição com 13,64 valores de média.

Percursos diretos de sucesso colocam Pesqueira em destaque

Desenvolvido há quatro anos, este in­dicador é visto de uma forma geral como mais justo comparativamente com o ranking habitual. Isto porque analisa a percentagem de alunos que conse­guiram acabar o secundário sem qual­quer chumbo e com notas positivas nos dois exames das disciplinas que são trie­nais (que, consoante os cursos, podem ser português e matemática, português e história ou português e desenho). Em vez de comparar a totalidade dos alunos de uma escola com a totalidade dos alu­nos de outra, esta ferramenta compara estudantes com características semel­hantes e que partem do mesmo ponto, valorizando depois a sua evolução.

Na tabela deste ano, no Top 50 das esco­las com melhores resultados encontra­mos duas instituições durienses, a Escola Básica e Secundária Miguel Torga, em Sabrosa, no 50º lugar e a Escola Básica e Secundária de São João da Pesqueira que ocupa um honroso 5º lugar.

Ensino Profissional agrícola em de­staque em Peso da Régua

Numa região fortemente marcada pelo setor primário, são várias as escolas profissionais dedicadas a este setor que constam deste ranking.

O destaque vai para a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural do Rodo, em Peso da Régua que, no 84º lugar geral nacional, é a 1ª das escolas profissionais agrícolas e de desenvolvimento rural, com uma taxa de conclusão em tempo normal cifrada nos 75% num total de 32 alunos.

Notas inflacionadas preocupam ministério

Há cinco anos que o Ministério da Educa­ção mede a consistência entre as notas dadas aos alunos pelos seus professores e as que os alunos conseguem ter nos exames nacionais do ensino secundário.

Este indicador de alinhamento de notas foi divulgado pela primeira vez em 2015 e tinha em conta os exames realizados entre 2009 e 2013.

A informação agora disponibilizada, refere-se aos anos entre 2014 e 2019. Sendo assim, é possível analisar os des­vios das notas internas dos alunos ao longo dos últimos 11 anos.

Entre 2014 e 2019, um total de 20 insti­tuições deram notas consideravelmente mais altas aos seus alunos do que as atribuídas ao resto dos estudantes do país, que tiveram os mesmos resultados nos exames do 11.º e do 12.º anos.

Entre as Escolas que deram sempre no­tas mais altas do que o esperado nos úl­timos 5 anos letivos encontra-se a Escola Secundária São Pedro, em Vila Real.

No ranking das escolas apresentado este ano, numa análise à discrepância entre as notas de final de ano e as no­tas de exame o terceiro lugar é ocupado pelo Escola Básica e Secundária Profes­sor António da Natividade, em Mesão Frio, com uma diferença de 6,65 valores (14,16 de nota final contra 7,51 na nota final média dos exames).

Professora Agostinha Veiga | Escola Básica e Secundária de São João da Pesqueira (Melhor classificação en­sino secundário)

Qual o “segredo” da escola para o sucesso?

“Este resultado não surge do acaso, é fruto de muito trabalho e empenho dos professores, dos alunos e das famílias e que de facto se refletiu nas classificações obtidas nos últimos anos.

Foi delineado uma ação estratégica no sentido de colmatar os pontos fracos. Assim, foram implementadas várias es­tratégias na escola, nomeadamente o re­forço na carga horária das disciplinas su­jeitas a exame, com um ou dois tempos semanais durante todo o ano e no final do ano há sempre uma preparação mais exaustiva para os exames, no sentido de tirar as dúvidas. Também criaram tem­pos de apoio e trabalho de orientação de estudo para centralizar todo o trabalho dentro da escola para os alunos tirarem as dúvidas. Os alunos fazem o trabalho de estudo autónomo em casa e depois usam essas horas para tirarem duvidas.

Eles percecionaram que os alunos pre­cisavam de abrir horizontes e ter uma análise mais critica sobre as coisas e, por­tanto, promovem ações motivacionais com diversos oradores para fazerem com que os alunos acreditem que é possível. Neste sentido, organizam também diver­sas viagens de estudo, nomeadamente ao exterior e à Assembleia da República numa viagem de dois dias na qual tam­bém fazem os passeios literários dos mais famosos escritores portugueses.

A partir deste lema existe uma forte aposta na educação mais humanística, voltada para a cidadania, solidariedade, a vertente artística e o desporto, através de diversas atividades proporcionadas pela escola.

Existe um trabalho como um todo para formar um aluno com boas notas, mas também um bom cidadão. Há um trab­alho muito vincado por parte dos docen­tes e da direção em não deixar nenhum aluno para trás. Entre outros fatores premiamos a melhor turma com uma viagem.

Implementamos vários projetos nome­adamente a Escola Solidária, o Ecoesco­las e o Viaja com a Ciência que promove um maior envolvimento dos alunos com a área cientifica desde muito novos, assim como diversas ações de volun­tariado. O desporto escolar e a vertente artística são também duas grandes apos­tas por parte da escola.

Quais os desafios desta classificação para o futuro?

Não podemos pensar que o caminho está feito, isto é um caminho para ser trilhado todos os dias porque nada é ga­rantido. Se não houver empenho e tra­balho, motivação e se os nossos alunos não se empenharem, que eu sei que se empenham, as coisas não acontecem. Isto acontece tudo com muito trabalho e o acreditar que é possível.

Algo importante é também irmos ao en­contro do perfil do aluno potenciando assim da melhor forma as suas capa­cidades, isto é importante também para manter a motivação deles e o seu inter­esse, o que nos permitirá manter estes bons resultados agora obtidos.

Professora Rita Mendes | Escola Secundária de São Pedro – Vila Real (Melhor classificação ensino básico)

Qual o “ segredo” para os excelentes re­sultados que a Escola apresenta neste último ranking?

Não existe “segredo”, existe trabalho, quer dos professores, quer dos alunos. Os três anos do ciclo são projetados e pensados tendo como meta o exame, ou seja, as aprendizagens essenciais são planificadas não apenas para o alu­no dominar a língua e os seus mecanis­mos, mas para ter sucesso no exame. Para além do empenho e rigor de to­dos, o facto de no 9.º ano haver mais um bloco de quarenta e cinco minutos (ou seja, no horário há três blocos de 90m semanais)foi determinante para o reforço dos conteúdos programáticos e consequente sucesso neste ranking das Escolas.

Que desafios futuros colocam estas classificações no ranking à Escola?

Ter bons resultados no ranking das Es­colas é ver premiado o trabalho dos professores e dos alunos. Qualquer professor trabalha para o sucesso dos alunos, o foco é o aluno, o conhe­cimento que adquire e que lhe per­mitirá enfrentar os anos seguintes na sua carreira académica. É sem dúvida gratificante, mas o ensino é mais do que ficar bem colocado num ranking e no momento por que passamos de incerteza devido à pandemia, os desa­fios são enormes, pois estamos peran­te uma situação nova que nos obriga a reinventar as estratégias de ensino aprendizagem muito centradas num ensino presencial. A interação em pre­sença física é fundamental, o verificar se o aluno está a trabalhar, o reforço positivo que se dá, o chamar a atenção para o trabalho, a forma como devem proceder, o ver como a turma está a trabalhar no seu todo e agir no mo­mento, tudo isto é muito importante. Vamos esperar pelo desenvolvimento desta pandemia e continuar a trabal­har no sentido de manter o sucesso já alcançado.

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