[caption id="attachment_1459" align="alignleft" width="300"] A Casa do Douro foi criada em 1932 com o principal objetivo de defender os interesses dos viticultores da Região Demarcada do Douro/ Foto: Salomé Ferreira[/caption]
A comissão administrativa da Casa do Douro (CD) está a pagar mil euros a 60 trabalhadores com vencimentos atrasados e a preparar a venda de vinho para saldar uma dívida de 1,5 milhões de euros em salários.
Agostinho Santa, responsável pela comissão administrativa, disse à agência Lusa que está a ser feito o possível para o pagamento integral dos salários em atraso e que, por estes dias, está-se a proceder ao pagamento de mil euros a cerca de 60 trabalhadores, num total que ronda os 60 mil euros.
Em causa, explicou, estão vencimentos que ficaram por pagar aos funcionários que perderam o vínculo laboral quando a CD foi extinta e outros que já tinham saído da instituição, mas que ficaram também com pagamentos em atraso.
Depois de o Governo PSD-CDS/PP ter extinguido a dimensão pública da CD, ter aberto um concurso para escolher uma entidade para a gestão privada, através da Federação Renovação do Douro (FRD), e ter nomeado uma administradora liquidatária da instituição, em maio, e já com o executivo PS em funções, o parlamento aprovou a criação de uma comissão administrativa.
Esta comissão tem como competências fazer o inventário do património, a guarda da documentação, a gestão dos móveis e imóveis, a elaboração de um plano de pagamentos, a conservação dos vinhos e a regularização dos trabalhadores da instituição.
"Fizemos dinheiro com pequenas vendas de produtos que se estavam a deteriorar e a perder valor, como as viaturas que estavam paradas, e estamos a efetuar o pagamento de cerca de mil euros a 60 trabalhadores, que foram identificados como tendo salários em atraso", frisou.
Segundo o responsável, o valor total em dívida aos trabalhadores pode ascender aos 1,5 milhões de euros.
Aos atrasos nos pagamentos de salários junta-se ainda a falta de pagamento a fornecedores.
Para saldar estas dívidas, Agostinho Santa explicou que a comissão administrativa já identificou lotes de vinho, dos que não estão penhorados ao Estado e à Parvalorem, adiantou que já foi feito o relatório de qualidade desses vinhos e que, agora, vai ser apresentada uma proposta de venda ao Governo, que é quem tem a decisão final neste processo.
E o processo, sublinhou, terá que ser feito com cuidado para "não colocar demasiado vinho no mercado e não criar um desequilíbrio", mas "a quantidade suficiente para fazer uma verba que deve rondar os três milhões de euros, para pagar aos trabalhadores e fornecedores".
O responsável disse esperar que a venda e o pagamento se possam concretizar dentro de meses.
A Casa do Douro pública foi extinta em dezembro de 2014, sendo posteriormente aberto um concurso para escolher uma entidade para gerir a CD privada e, a 31 de agosto de 2015, foi nomeada uma administradora liquidatária da instituição.
Em maio, já com o Governo PS, o parlamento aprovou a criação de uma comissão administrativa para a regularização das dívidas da extinta Casa do Douro e da situação dos trabalhadores.
Esta comissão administrativa é presidida por Agostinho da Santa e integra ainda Mário António Monteiro de Sousa e António Manuel Sousa Ribeiro da Graça.