Se no meu último artigo deixava claro que as Universidades devem ser exemplos para outras comunidades, na coluna de hoje, apelo à sua transformação para uma realidade que exige, também, que as Instituições do Ensino Superior (IES) se transformem ou, pelo menos, se adaptem e acompanhem as grandes transformações sociais. Atentemos nos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) de 2021, onde é reportado um crescimento consecutivo da população residente nos últimos três anos - 10 421 117 em 2021. A taxa de crescimento efetivo foi de 0,26% (0,18% em 2020). Este acréscimo populacional (mais 26 820 pessoas do que em 2020) resultou da taxa de crescimento migratório positiva, de 0,69%, ter compensado a taxa de crescimento natural negativa, de 0,43%. Pelo quinto ano consecutivo, o número de imigrantes permanentes (97 119) ultrapassou o de emigrantes permanentes (25 079), o que resultou num saldo migratório positivo de 72 040. Por sua vez, em 2023, registaram-se cerca de 68 000 estudantes estrangeiros, um pouco mais do dobro de há seis anos. A imigração, o envelhecimento da população (a percentagem de pessoas com 65 ou mais anos de idade passou de 19,2% para 23,6%) e a internacionalização do ensino devem constituir fatores de mudança das nossas IES.
Defendo a participação pontual dos docentes aposentados, particularmente os mais qualificados, na transmissão da sua experiência às novas gerações, também para que se sintam ativos. Temos muitas formas de o fazer.
Por sua vez, a diversidade de estudantes estrangeiros impõe, desde logo, um bom acolhimento, com maior atenção para os mais carenciados, e a sua cabal integração na academia e na sociedade. Todos ganhamos com o multiculturalismo.
A necessidade de mão-de-obra em Portugal e também de atração de talentos ajudam a compreender a imigração. Contudo, as IES devem estar preparadas para proporcionar o ensino do português e a formação qualificada para o seu maior desempenho em função das necessidades do mercado de trabalho, de modo a não defraudar as expectativas e experiências daqueles que retornam ao Ensino Superior. Aqui, o futuro é desafiante, não só pela criação de novas ofertas formativas, mas também de formações diversas, de resto transversais a toda a sociedade: “reskills” e “upskills”, aprendizagem ao longo da vida, cursos de curta duração, microcredenciais, enfim competências que permitam a cada pessoa a capacidade de se adaptar a novos contextos pessoais e sociais, num mundo em mudança constante e de um futuro imprevisível. O índice de produtividade será sempre proporcional a uma formação cada vez mais dirigida às necessidades das empresas e das instituições, apoiada por uma boa gestão empresarial e do tempo no local de trabalho.
A necessidade de mudança é óbvia, inicie-se, prossiga-se, mas sejamos céleres.