Opinião

A geografia manda? 

O Grande Douro é um espaço humanizado de grandes oportunidades. Mas está em perda do seu maior património, as pessoas!

É procurado por milhares de pessoas, atraídos pelas imensas coisas boas que por cá temos. Estas não  querem ficar mais que uns diazitos. Mas até nem a taxa turística lhe queremos cobrar…

A atividade económica é bastante importante.  Mas, parte significativa das empresas não têm sede fiscal no território…

Os Municípios organizam-se para dar conforto e criarem infraestruturas de qualidade. Mas, é  o Estado Central quem determina o funcionamento dos serviços e das políticas de investimento relevante…

Tudo, todo o esforço local, de pouco ou  nada tem servido para inverter o processo de esvaziamento demográfico.

Estamos no centro  de um país pequeno. Confinamos com  distritos muito mais populosos. Estamos a pouco mais de uma hora de um excelente aeroporto, de portos importantes, o mar é já ali, etc.

A geografia mandará mesmo?

Não, manda quem aprova as Leis e quem governa, ponto!

O esvaziamento de pessoas, é fruto de opções dos governos e de Leis aprovadas, algumas por nossos representantes, na Assembleia da República.

As Leis e as opções, quase todas, completamente  ocas de “equidade territorial”, princípio que, obrigatoriamente , deveria ser cumprido  em todas as políticas num país democrático.

Mas,  a desertificação humana é também consequência da dificuldade para nos indignarmos e afirmarmos coletivamente, impondo visibilidade aos problemas, dando escala e atratividade às soluções.

Resta-nos a esperança de que venha a resultar,  a força que os municípios, no âmbito da CIM, Comunidade Intermunicipal, têm manifestado, apresentando ao Estado Central, com clareza, a agenda para o macro desenvolvimento da região. Que poderia ser completada, na minha opinião, com uma estratégia comum  para a forma de cuidar das pessoas mais fragilizadas.

Temos cada vez menos peso eleitoral.Por aqui já não vamos lá!

Precisamos de peso emocional que permita influenciar os  votos de residentes nos centros mais populosos e os votos dos nossos emigrantes.

Não podemos ter partidos regionais. Mas devemos  ter políticas regionais. E, em torno delas, agregar vontades. As de políticos e, fundamentalmente, a vontade dos cidadãos.

O peso emocional constrói-se com uma ligação permanente ao povo, às pessoas e ao mundo.

Isso só será possível com inovação territorial. Olhar o Grande Douro e fazê-lo entender, com conceitos fora da caixa.

Só como mero exemplo, tenho vindo a defender um conceito para o Douro Sul, mas não me custa nada pensar,  na escala do Grande Douro,  como a primeira cidade em Portugal de aldeias, vilas e cidades.

A geografia não manda nada!

Desde que queiramos derrubar muros e alargar horizontes!

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