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10 de junho: Milhares ouviram Marcelo dizer que união do Douro deve servir de exemplo ao país

As comemorações do 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões, e das Comunidades Portuguesas levaram milhares de visitantes ao Douro com a região a mostrar a sua capacidade de organizar eventos de grande dimensão, partindo da união entre os 19 municípios que compõem a CIM Douro.

Com início a 5 de junho, foram várias as iniciativas que se espalharam pelo território com concertos e exposições aos quais assistiram milhares de durienses e turistas que por estes dias se deslocaram à região.

As celebrações tiveram o seu epíteto no dia 10 de junho, com as cerimónias comemorativas a terem lugar na cidade de Peso da Régua que se encheu de populares para assistirem ao desfile militar que se seguiu aos discursos oficiais.

João Nicolau de Almeida, enólogo duriense escolhido pelo Presidente da República para presidir às comemorações salientou os desafios que a região enfrenta, entre os quais a falta de mão-de-obra, que sublinhou com alguma sátira, “se pudéssemos mudar o 10 de Junho para 10 de setembro era ótimo para a vindima, tínhamos aqui gente que chegasse para a vindima".

"Neste alucinante e veloz século XXI temos em mãos vários desafios complexos para enfrentar. Começo por referir uma realidade nacional, não sendo o Douro uma exceção, que se trata da forte desertificação do interior, gerando falta de mão-de-obra e escassez de massa crítica", salientou o enólogo que indicou ainda o caminho que no seu entender deve ser feito, "a oferta de trabalho deverá ser aliciante, sendo fundamental o aumento de valor da matéria-prima, ou seja, da uva, de forma gerar mais proveitos a montante para se oferecer melhores condições de trabalho".

João Nicolau de Almeida terminou o discurso com um “Viva ao Douro! Viva Portugal” que arrancou um forte aplauso dos milhares de populares que assistiam à cerimónia.

Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante o seu discurso enalteceu o “espírito de união que se vive no Douro”, aproveitando ainda para sublinhar alguns problemas da região e do país.

Para o Presidente, o Douro é um exemplo de "vontade e persistência", de força e ambição, um "retrato do Portugal que queremos". Marcelo Rebelo de Sousa pediu um país mais coeso territorialmente: "Queremos que os Pesos das Réguas do nosso interior sejam tão importantes como as Lisboas, os Portos, as Coimbras…". Mas também, acrescentou, um país mais rico e mais coeso socialmente. "Não podemos desistir nunca de criar mais riqueza, mais igualdade, mais coesão, distribuindo essa riqueza com mais justiça".

Referindo-se a uma "Pátria improvável", "feita a pulso", "contra o vento" e "muitas vezes chamada a ser mais importante lá fora do que cá dentro", o Chefe de Estado deixou ainda a receita para o Portugal que quer ver construído: "Pegarmos no impossível, tentarmos uma vez, cem vezes, mil vezes, falharmos mais do que acertamos, não desistirmos, começarmos de novo". Voltando a evocar a região que escolheu para assinalar este Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, "recriarmos juntos, neste Douro, em todos os nossos Douros, o que faça o nosso futuro muito diferente e muito melhor do que o nosso presente".

Apesar de antecipadamente ter afirmado que não usaria o seu discurso para deixar recados à situação atual, Marcelo Rebelo de Sousa não deixou de aproveitar o momento para deixar o que muitos analistas chamaram de “recado” a António Costa, em forma de metáfora, "é preciso cortarmos os ramos mortos que atingem a árvore toda".

Autarcas estiveram com Presidente na África do Sul

Carlos Silva Santiago, Presidente da CIM Douro, e José Manuel Gonçalves, Presidente do Município de Peso da Régua, foram os representantes do Douro nas Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que decorreram desde o dia 5 de junho na África do Sul.

Acompanhando a comitiva liderada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pelo Primeiro-Ministro, António Costa, os “embaixadores do Douro” estiveram junto da comunidade portuguesa naquele país africano, dando a conhecer o Douro, demonstrado o orgulho desta região acolher as comemorações do 10 de junho e de ser Cidade Europeia do Vinho 2023.

Quanto ao programa que tiveram que cumprir, destaque para a visita ao Museu do Apartheid, em Joanesburgo, a celebração do Dia de Portugal na sede da Associação União Cultural, Desportiva e Recreativa de Joanesburgo, com intervenção do autarca reguense José Manuel Gonçalves, que convidou a comunidade portuguesa a conhecer e a investir no Douro, uma visita e encontro com estudantes de língua portuguesa da Universidade Witwaterrand/Wits e ainda a celebração do Dia de Portugal com a Associação Cultural Portuguesa de Pretória.

O que significa para o Douro a organização das Comemorações do 10 de junho?

Ana Abrunhosa – Ministra da Coesão Territorial

Comemorar o Dia de Portugal no Peso da Régua constitui um reconhecimento para o Douro e para todos os durienses e uma oportunidade para evocar aquela que é a mais antiga região vinícola do mundo e património da humanidade desde 2001. O selo atribuído pela UNESCO tem contribuído nas últimas décadas para elevar o Douro a destino turístico de excelência no mais estrito respeito pela paisagem do vale do seu rio, preservando os muros de xisto que sustentam os socalcos e que fazem deste um local único no mundo. Um local que, no dia 10 de junho, foi o foco das atenções de todos os portugueses e das nossas comunidades.

Esta é também a oportunidade de se valorizar um território do interior, que apesar de ser um território com valores únicos no mundo, padece de fragilidades, a que temos que dar resposta. O Douro, simbolizou no dia 10 de junho, através da escolha de Sua Excelência o Senhor Presidente da República, o olhar atento e cuidadoso que temos de ter com o interior, na formulação de políticas públicas que façam de facto a diferença nestes territórios.

Que o simbolismo da celebração do dia 10 de junho no Douro e no Interior se mantenha vivo nos restantes dias do ano.

Fontaínhas Fernandes – Presidente da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial

A Régua, cidade europeia do vinho, foi o local escolhido para celebrar o dia de Portugal, uma oportunidade para projetar e dar a conhecer à comunidade portuguesa espalhada por todo o mundo uma Região inscrita na lista do Património Mundial.  Nas palavras do Presidente da República, todos os dias estamos a fazer Portugal e sonhamos novos futuros. Contudo, o formato das comemorações, conforme foi referido por comentadores políticos, não está ajustado aos tempos atuais, não envolve e não mobiliza a dita sociedade civil.

Na realidade, estas cerimónias constituem motivo de homenagem, de celebração, mas devem ser também de reflexão, no sentido de se extrair lições e inspirações, para poder melhor equacionar e preparar o Futuro. Hoje, mais do que nunca, o Douro precisa de trilhar novos caminhos, que passam pela criação, retenção e redistribuição de valor na região.

Para representar a Região foi escolhido João Nicolau de Almeida, empresário que inspirou uma nova geração de enólogos que colocaram o Douro no mapa mundial dos vinhos. Esta escolha significa a memória do passado, um traço do presente, mas acima de tudo um sinal do futuro. Na sua intervenção defendeu que os novos desafios do Douro exigem a aposta no conhecimento e inovação, podendo resultar da sua conjugação a criação de riqueza e a respetiva redistribuição pelos durienses, promovendo assim uma Região mais coesa em termos territoriais e sociais.

António Saraiva – Presidente da Fundação Museu do Douro

Sabemos bem como é difícil a nossa região ser ouvida na capital, onde tudo se decide, mas quão devagar avançam ou estancam as obras ou realizações de promessas antigas, quando por vezes se consegue que algumas se iniciem.

Trazer o mais alto Magistrado da Nação Portuguesa ao Douro, nomeadamente à Régua, centro administrativo da atividade primária regional da região dos Vinhos do Porto e Douro,  para festejar o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é algo inédito e da maior importância, que nos ajudará certamente em termos de notoriedade nacional e internacional.

Mas ainda mais importante para todos nós Durienses, e bem expresso no discurso do Sr. Presidente, é que é tempo de sermos ouvidos e não perdermos a esperança de continuar, pois os problemas da região são os mesmos que se arrastam há anos, e apenas por falta de vontade política, ou por inércia de quem nos governa e não nos ouve,  se continuam a manter, provocando o abandono de propriedades por falta de mão de obra ou apenas por já não acreditarem num futuro que outrora enquanto jovens, lhes parecia risonho e promissor.

Valha-nos pelo menos o turismo, pois cada visitante que nos honra com a sua presença, torna-se um embaixador da nossa região, graças à nossa paisagem majestática, às nossas gentes que ainda resistem com paixão e dedicação e à qualidade intrínseca dos nossos produtos, nomeadamente os nossos vinhos.

Não posso deixar de referir e agradecer o profundo empenho de José Manuel Gonçalves, Ilustre autarca da Régua, que continua a acreditar e a agregar à sua volta gente capaz e de visão, que reforçou com a concretização deste grandioso evento na Capital Europeia do Vinho, que nos fez renascer o orgulho de sermos Durienses e nos renovou a esperança e para continuar em frente.

Gilberto Igrejas – Presidente do IVDP

A escolha do Alto Douro Vinhateiro para as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas constituiu um importante momento para a promoção e reconhecimento do Alto Douro Vinhateiro, inscrito em 2001 na Lista do Património Mundial da UNESCO na categoria de Paisagem Cultural Evolutiva e Viva.

Neste ano de 2023 em que o Douro é Cidade Europeia do Vinho, a afirmação do Douro Vinhateiro como um referencial nacional em toda a sua plenitude, bem como a valorização do território e dos seus vinhos é um desígnio que nos une. Estas iniciativas são um motivo de orgulho e acima de tudo constituem um incentivo para continuarmos a cumprir a nossa missão de elevar a Região, valorizando o seu potencial, contribuindo para a sua sustentabilidade social e económica.

No dia 10 de Junho Portugal brindou com Douro e Porto.

Emídio Gomes – Reitor da UTAD

Celebrar Portugal no Douro é reconhecer o pulsar de uma região que soube apostar em ciencia, tecnología e inovação para se projetar no mundo.

Hoje, somos um destino universitário cada vez mais global e inclusivo também por estarnos neste territorio que é Património da Humanidade.

Carlos Silva – Presidente da CIM Douro

É um orgulho, uma satisfação, uma honra podernos vestir o traje de gala e receber Portugal nestes últimos cinco dias.

A portugalidade esteve no Douro. Esta região serviu de palco para se projetar em todo o mundo tendo chegado físicamente até à África do Sul, e agora através da comunicação social a toda a comunidade portuguesa espalhada pelo mundo, que é imensa.

Estamos muito satisfeitos até porque correu tudo como estavamos exatamente à espera.

José Manuel Gonçalves – Presidente da CM Peso da Régua

Este evento nunca pode ser visto na perspetiva municipal mas sim regional, do Douro. Foi o maior evento até hoje realizado no âmbito da CIM Douro e vai certamente reforçar a coesão de um territorio que quer cada vez mais trabalhar em rede e asumir-se como uma grande Cidade do interior.

Esta forma de trabalho que temos na região foi determinante para a escolha do Presidente da República em fazer um 10 de junho fora da caixa, revelando-se uma aposta ganha.

João Nicolau de Almeida – Presidente da Comissão Organizadora do 10 de junho

Considero a ideia do Presidente da República, em levar estas comemorações para uma região do interior e tão prestigiada como o Douro, genial.

Foi importante para se falar do trabalho que se desenvolve no interior e não só do litoral. No Douro faz-se bom vinho e muita exportação.

O que lamento é que o destaque que a comunicação social deu sobre este dia tenham sido os apupos e as manifestações que aconteceram. O que ali aconteceu daria para falar durante uma semana sobre a região, os problemas e o vinho que ali se produz. Não é todos os dias que uma região é privilegiada com um evento desta dimensão.

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